quarta-feira, 28 de março de 2012

O Velho e o Mar!

O Amor, esse sentimento complicado de explicar e de dificil conjugação com a vida! Sei muito pouco sobre esta área... mas uma vez ouvi uma história no nordeste Brasileiro, que pelo menos me deu uma luz sobre os timings do amor!

À falta de assuntos agrícolas, gostava de imortalizar essa história no meu Blog dos Bosques durante esta tarde solarenga em Portugal:

Fax muito muito teimpo... esperem... é melhor escrever em Português... Há muito muito tempo atrás, os sentimentos viviam todos em ilhas. Cada um vivia na sua ilha e assim decorria a vida em paz.

Um dia o nível do mar começou a subir e os sentimentos começaram a fugir das suas ilhas. Mas o amor, que vivia em paz e harmonia na sua ilha, não tinha um barco para escapar...

Ao lado da sua ilha iam passando os outros sentimentos ao leme dos seus barcos mas ninguém o ajudava...

Chamou a Alegria mas esta não ouviu... chamou a Saudade mas esta não ouviu... chamou a Inveja mas esta também não ouviu...

Quase condenado à morte, com àgua a transbordar na sua ilha, eis que chegou um velhinho num barco e salvou o Amor!

Durante a viagem o velhinho não disse nenhuma palavra... mas quando chegou à ilha onde os sentimentos se tinham então reunido, o Amor foi perguntar à Sabedoria quem era aquele senhor?

A Sabedoria sorriu e respondeu: " Aquele velhinho é o tempo, pois só o tempo consegue encontrar um grande Amor!"


E assim foi a história que me ficou até hoje e acho que tem algum fundamento, especialmente nestes tempos de crise e descrença no futuro!

O Amor deve ser vivido com os nossos amigos, familia, e tudo aquilo que nos rodeia.. se o tempo ajuda ... acho que sou levado a concordar que sim. Deve ser praticado todos os dias (não esse amor que estão a pensar)... e devemos aplicá-lo ao próximo e a tudo o que fazemos na nossa vida como o trabalho ou os estudos!

A próxima vez que virem um velhinho num barco...think about it!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O mundo como eu o vejo no RAC!

Terminados os exames deste trimestre, tempo para um pouco de descanso, ir a Londres e também Portugal passar a páscoa! Altura para escrever sobre a maneira como vejo as pessoas e a sociedade que me rodeiam aqui em Inglaterra, um tema que já queria escrever há algum tempo.

Inglaterra é um dos países mais poderosos do mundo em todas as esferas. Foi aqui que se iniciou a revolução industrial e foi também aqui que nasceram alguns dos mais brilhantes cientistas, escritores, desportistas, pensadores e artistas da nossa história. Em tempos foram um império e sobreviveram de forma corajosa aos ataques alemães na Segunda Guerra Mundial.



Todo o trajecto histórico deste país está patente no dia a dia. Há um orgulho em ser Inglês inexplicável, o chamado orgulho nas origens e no passado.

Em Portugal temos orgulho no Vasco da Gama, Viriato, Afonso Henriques e noutras façanhas passadas como as protagonizadas por Eusébio. Temos orgulho nas nossas praias, comida e alguns casos de sucesso empresarial. Mas lá no fundo sabemos que podemos ser melhores e temos capacidades para o ser, basta olhar para Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Saramago, Durão Barroso, António Damásio e outras personagens que através do seu trabalho, esforço e personalidade conseguiram uma projecção e uma recompensa  que não seria possivel apenas em Portugal.

Quando estive na Argentina em 2008, lembro-me que todos os dias na televisão, passavam imagens do Maradona quando este conquistou o campeonato do mundo em 1986 no México, motivo de grande orgulho para todos os Argentinos juntamente com Eva Péron, Carlos Gardel e Che Guevara.

Tal como os Argentinos porque há esta sensação de que Portugal e os Portugueses vivem no passado? E no fundo, qual é a utilidade disto?

Em Inglaterra evoca-se o passado para viver o presente e reforçar o futuro. A memória não serve apenas para vaidade e a história e os ensinamentos dai retirados estão enraizados de forma profunda neste povo. Em Portugal, apenas nos lembramos das coisas boas e mesmo assim temos muita dificuldade em aprender com elas.

Mas esta vaidade pode ser vista muitas vezes de forma arrogante. Os Ingleses pensam que são óptimos em tudo, no desporto, na economia, na pompa e circunstância, na agricultura, nas tradições, na história, etc.. mas que mal é que isto tem se tiver um impacto positivo no bem estar das pessoas e na sociedade? Que mal é que isto tem se as coisas de facto funcionam e andam para a frente?

Mas a minha questão vai mais além disto...Como é que este país funciona na prática? Como é que é possivel? Quem vive aqui tem que se perguntar isto...

O alcool é um dos pilares da sociedade. Aqui no RAC e mesmo em Londres, é tradição sair do trabalho e ir beber cerveja nos pubs. Nas gerações mais jovens o alcool é o catalizador para comportamentos que não se podem ter durante o dia. É uma forma de se libertarem e terem conversas que não conseguem ter de forma sóbria. Os Ingleses são timidos e bem comportados durante o dia... e a disparidade a que se assiste quando consomem alcool é impressionante!

Apesar de estarmos a falar de pessoas novas, entre os 20 e os 30 anos, as coisas que acontecem aqui no RAC são extraordinárias. Adoram pôr-se nus em locais publicos., aliás o nudismo nos bares é claramente uma tendência. Adoram cair para o chão e rebolar e não há noite em que saia que não fique encharcado em cerveja.

Gostam de ir ao WC na rua (pensavam que eramos só nós?), no outro dia vi dois miudos a fazê-lo na porta de uma igreja. Gostam de gritar e falar alto. Elas vivem para maquilhagem e para os bronzeados falsos. Será que não se apercebem que a cor do pescoço é diferente da cor da cara? Mas depois vestem-se horrivelmente mal com calças de fatos de treino e meias de cor berrantes. Não sou nenhum critico de moda mas há conjuntos que não fazem sentido! A melhor parte na roupa é mesmo a falta dela. Quando estão temperaturas negativas e se vê pessoal de t-shirt e elas com vestidos curtos e saltos altos, a andar desordenadamente como se estivessem a pisar uvas, está tudo explicado, como é possivel?



Neste momento estão a ser as corridas de cavalos em Cheltenham, as mais famosas do mundo. Ontem recebemos um mail da universidade a incentivar para irmos a correr para as casas de apostas e meter dinheiro nos cavalos!! Sim, recordo que estamos em Inglaterra.

Esta mesmo universidade envia mails a dizer que há surtos de doenças sexuais no campus e que os jovens devem usar persevativos. Gosto desta frontalidade mas não deixa de ser estranho, imaginem o que seria isto acontecer na Universidade Católica ou no ISCTE?

Nesta semana está também a decorrer a campanha para a Associação de Estudantes do próximo ano. Pensaria eu que para além do habitual barulho e posters, pudesse haver de facto algumas promessas políticas como música nos intervalos e um campeonato de futebol. Nada disso! O segredo da campanha são posters com o máximo de nudismo possível!




Noutros sitios como nos subúrbios das cidades, floresce uma classe adolescente criminosa e deliquente, como ficou patente nos distrúrbios causados no verão passado em Londres e noutras cidades.

Nas cidades Inglesas, vivem pessoas de todos os cantos do mundo: desde Chineses a Africanos passando por Paquistaneses a Brasileiros, todos tentando integrar-se na sociedade e educando os filhos da melhor maneira possível.

Na Europa, querem-se proteger do Euro e das políticas comuns, com medo de entrar num barco que  parece que se está a afundar!

Daqui a minha pergunta: como pode isto funcionar?

Como pode um povo ser tão extremo e bárbaro nos seus comportamentos e ao mesmo tempo ser tão civilizado e funcionar? Como pode a minha universidade ser tão selvagem e ao mesmo tempo ser uma escola com tudo TOP desde as instalações e professores até às actividades desportivas? E o que é que se passa aqui que faz com que estas pessoas se tornem adultos civilizados e integrem uma das sociedades mais fortes do mundo em termos de identidade e cultura?

A minha resposta é aquela que dei no inicio deste texto: Em Inglaterra evoca-se o passado para viver o presente e reforçar o futuro. Há um sentimento de confiança em algo invisivel. Algo que diz aos jovens e às pessoas que tudo vai correr bem e funcionar com base nas referências que têm e nas instituições que os regem. Os jovens sabem que há um tempo para se divertir, um tempo para viajar, um tempo para os copos e também um tempo para trabalharem e terem uma familia. Sabem que fazem parte de um todo e que há um espaço para eles nesse todo.

Eu acredito neste sistema e identifico-me apesar de haver muita coisas que estão erradas claro. Há loucura e coisas más, mas há produtividade e orgulho nas tradições. E esse sentimento de que as coisas vão FUNCIONAR e correr bem existe de facto... isto anda no ar! É como se o departamento de Marketing de Deus para Inglaterra tivesse um bom gestor e o de Portugal nem por isso!

Para além de me rir e muito com tudo o que se passa, e de já ter feito bons amigos, estou inserido num sistema de ensino muito eficiente e profissional. Os professores são claros e objectivos. Não faltam e não chegam tarde às aulas. Também não ficam a debitar matéria para além do toque como se alguém ainda estivesse a ouvir. A iteracção entre as aulas práticas e teóricas é extraordinária. Enfim, um sistema de ensino pragmático que motiva e prepara para o futuro.

Noutras àreas também se vê este bom funcionamento: os policias andam sem pistolas, os transportes púbicos chegam a horas, eliminaram o hooliganismo, lutam contra o racismo e nos estádios há avisos a dizer que quem disser asneiras será convidado a abandonar as instalações.



Quando vemos uma foto do Big Ben, para além de vermos as horas, pensamos em civismo, força, confiança, resistência, democracia, oportunidades e muitos outros sentimentos que formam a tal força invisivel do funcionamento eficaz e eficiente de Inglaterra!


O que podemos nós fazer para que as pessoas olhem para uma foto da Torre de Belém e pensem assim também?

Think about it...

Best regards,