quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Back on Campus!

O verão já lá vai... o maior da minha vida até hoje! 4 meses!! 120 dias de férias não acontecem todos os anos... mas na minha cabeça faz-se um sentido de justiça depois de 7 anos de trabalho e verões na universidade passados em estágios para alimentar o CV com mais umas linhas.

Destes 120 dias, cerca de 45 foram passados na Austrália a trabalhar numa quinta. Foi uma das experiências mais humildes e enriquecedoras da minha vida. Acordar às 5 da manhã com a geada, ir buscar as vacas ao campo, ordenhá-las, cortar o pescoço a galinhas, alimentar porcos, guiar o tractor, etc.. foram tudo experiências que me mostraram aquilo que é a vida numa quinta e talvez o que me espera no futuro.

Acima de tudo serviu-me para perceber que quero enveredar por esta àrea. Os turnos de 12-14 horas diários ao ar livre não são nada comparados com uma manhã sentado num escritório a falar ao telefone e a escrever mails!! Trabalhar na natureza é um sonho tornado realidade e é tão instintivo como comer ou dormir.

O homem vive na natureza há 50.000 anos, porque que é que de repente, nos útimos 200 anos, decidiu enfiar-se em fábricas e escritórios??

Com o passar dos dias na Austrália já começava a olhar para a evolução do crescimento das plantas, os padrões metereológicos, procurava pegadas de predadores no chão, enfim, comecei a desenvolver um conjunto de skills que auxiliavam na gestão diária da quinta e que na cidade não existem certamente. Certamente que passado 1 mês e meio sobre essa experiência já estou a perder essas habilidades... é preciso uma prática constante e a aprendizagem é diária!

Agora mais um ano em Inglaterra, um ano para começar a planear como gostaria fazer a minha entrada neste meio agricola. Há que avaliar várias hipóteses... trabalhar para outros ao inicio, em Portugal ou no estrangeiro, com animais ou com cereais, com frutas ou vegetais, com capital próprio ou alheio, etc.. um conjunto de escolhas que podem significar caminhos completamente diferentes. Acima de tudo com a consciência que é um meio bastante dificil, técnico e competitivo e só com muita seriedade poderei ter algum sucesso. Com o passar do tempo até o significado da palavra sucesso se vai moldando na minha cabeça. Acho que vai ser importante ser competente em duas ou três àreas, dado que a rotação é fundamental na agricultura, mas acima de tudo gostava de ter um bocado de terra e sobreviver disso.. este é o meu novo conceito de sucesso!

O primeiro ano foi introdutório, não sabia nada de agricultura ou pecuária e ainda por cima a aprendizagem era em Inglês! Já absorvi algumas coisas básicas mas ainda há um longo caminho a percorrer. Escolhi para este ano cadeiras relacionadas com a elaboração de Forragens (fundamentais para a alimentação dos animais no inverno), Gestão dos Solos, Água e Irrigação, Maquinaria, Edificios Agrícolas e Produção Animal Avançada. A pecuária é a àrea que me chama mais atenção neste momento, mas ainda ontem lia um artigo sobre um produtor de vinhos que há 10 anos odiava vinhas, por isso vamos ver como será o futuro!

O RAC continua igual a si mesmo... frio, chuvoso e com uma população que vai desde os Ingleses que só se preocupam em beber cerveja até aos mais estudiosos que só vivem para o seu PHD. Eu encontro-me algures no meio e este ano com a responsabilidade da equipa de futebol, a vertente desportiva fica reforçada. Inscrevi-me também na natação esta semana... a primeira sessão foi ontem e sem dúvida que gostava de manter esta saudavel actividade.

Durante esta primeira semana no RAC, também conhecemos o Ministro da Agricultura de Inglaterra. Reunimos com ele cerca de 25 estudantes de agricultura e conversamos de forma informal e descontraida. Sem pressas e distâncias hierarquicas, David Heath falou-nos sobre as suas visões da agricultura mundial e as suas maiores preocupações. Todos tivemos a oportunidade de falar e expôr os nossos pontos de vista. Foi de facto uma excelente experiência. Dúvido que semelhante acontecimento pudesse desenrolar-se em Portugal com o mesmo à vontade e interesse por parte de uma figura política.

Enfim, a vida continua, 1 ano já lá vai e outro está para vir. As saudades este ano são maiores que no ano passado. Familia e amigos são a coisa mais importante que temos no mundo e custa estar longe deles, especialmente no meio da chuva e frio! Mas são opções de vida e daqui a 5 minutos já é 2020!

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