terça-feira, 28 de maio de 2013

Experiências nutricionais com vacas - Poster presentation 28/05/2013

Hoje tenho uma das apresentações mais importantes no meu curso aqui no RAC, para o módulo Advanced Animal Production. Trata-se de um poster de cariz investigacional, que pretende explicar um avanço tecnológico na àrea da pecuária e resultados obtidos a partir do mesmo.
 
Escolhi trabalhar numa àrea que me chocou/fascinou. Para se obter um melhor conhecimento do sistema digestivo das vacas, pode-se instalar uma espécie de bolsa de borracha (ver foto abaixo) que tem acesso directo ao estômago (rumen) do animal. Desta forma pode-se observar ao vivo (sim, ao vivo!!), o que se passa no estômago do animal e permite particularmente fazer estudos sobre quais os melhores alimentos em termos de degradação de proteínas. Desta forma poderá ser possível alimentar os animais de forma mais eficiente, dando-lhes rações que não desperdiçam tantos nutrientes importantes pelas fezes ou pela urina.
 
Em termos de bem estar dos animais fiz alguma pesquisa e não existe qualquer impacto. Não existem relatos de complicações, sendo esta uma técnica usada há quase 150 anos, mas que foi evoluindo obviamente. Aliás, esta técnica foi descoberta em 1812, quando um soldado americano ferido por um florete, ficou com uma abertura no estômago e não lhe deram mais de 1 dia de vida. Ainda viveu mais 40 anos e sempre com a abertura no estômago visível. Ao que parece, não há infecções porque o estômago tem uma elevada capacidade de limpeza das mesmas!

 Segue a foto do poster que vou apresentar!
 
Think about it!
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Futebol em Portugal - emoções à flor da pele!

Adoro futebol. Aliás amo futebol.

Mas preocupa-me a situação para que caminhamos hoje em dia em termos de rivalidades clubísticas e pergunto-me o que poderá ser feito para evitar a escalada de violência fisica e de palavras a que assistimos hoje em dia.

Se hoje tivesse 7 ou 8 anos, acho que não poderia gostar do futebol da mesma maneira que gosto, pois a minha aproximação a este desporto aconteceu num outro quadro: um ambiente saudável e de puro amor pelo desporto.

Quando tinha 6 anos vi o Porto ganhar a Taça dos Campeões Europeus. Lembro-me que a taça era grande e lembro-me do capitão de equipa João Pinto que não largava o troféu por mais que os seus colegas lhe pedissem. Estávamos em 1987.

No ano antes, 1986, já exultava com a colecção de cromos da Panini do México 86, e desde então que faço todas as colecções de Europeus e Mundiais. Faltam-me alguns cromos de algumas cadernetas, mas nada que não se resolva com umas idas ao Rossio trocar cromos.

Por breves instantes, depois da vitória do Porto em 87, acho que fui adepto dos dragões, mas algumas semanas depois o meu Pai, que não suporta qualquer clube nem percebe nada de futebol, levou-me à final da taça de Portugal no Jamor entre Benfica e Sporting e os lugares eram na bancada central. Estavamos a 10 de Junho de 87. Á esquerda havia uma mancha verde. Á direita uma mancha vermelha. O Benfica ganhou 2-1 ao Sporting e para sempre fiquei do Benfica.

Nos anos seguintes da minha juventude os meus tios e primos da Covilhã aliciavam-me com pastilhas elásticas para que eu mudasse para o Sporting. E chocolates também. Uma vez a minha resposta foi "Tens ai contigo os chocolates?" Não ia mudar mas claro que queria os chocolates.

Não me lembro do Benfica ir à final da Taça dos Campeões Europeus de 88 em que o Veloso falhou o penalty, mas lembro-me da final de 90, no Prater, em que Frank Rijkard nos marcou um golo e o resultado final ficou 1-0 para o Ac Milan. Aquele Milão de Gullitt, Van Basten e Rijkard que nos maravilhou no final dos anos 80 e início dos 90. Que grande equipa liderada por outros grandes jogadores como Baresi e Maldini.

Na final do Itália 90, estava um dia quente e lembro-me de ver o Maradona a chorar. Na altura, na minha escola quando jogavamos uns com os outros diziamos que erámos o Maradona. Mas também não me esqueço do choque que tive quando se descobriu que ele consumia cocaina, uma desilusão.

Quando fui para a Escola Delfim Santos nos Altos dos Moinhos, em Lisboa corria o ano de 1991. A partir daqui a minha relação com o futebol deixou de ser apenas o ver pela televisão e fazer cadernetas de cromos.

Tinha 10 anos e queria estar mais perto do acontecimento.

A minha escola ficava a cerca de 1 kilometro do velhinho estádio da luz.

Nesta altura já comprava A Bola ou o Record com o dinheiro do almoço ou umas moedas surripiadas à minha mãe ou ao meu pai. Guardava os exemplares todos, e tempos houve em que cheguei a passá-los a ferro para não se amolgarem. Ainda guardo hoje em dia capas miticas, não só so Benfica mas de momentos de glória de Portugal, do Porto e do Sporting.

Com 10 anos já tinha passe de autocarro e ia sozinho para a escola. Na escola pública não tinhamos aulas de tarde todos os dias, por isso da primeira vez que o Casca e o Caranguejo do Bairro da Horta Nova me disseram "Bora ao Benfica?", eu nem hesitei.

O obejctivo na altura era ir apanhar pratas dos maços de cigarro e ir vendê-las ao pé do califa. Nas Segundas-Feiras a seguir aos jogos, as bancadas estavam cheias de maços vazios. Abriamos o maço vazio, tirávamos a prata que antes estava a cobrir os cigarros e iamos vender. O valor era ridiculo. Por cerca de 200 ou 300 pratas conseguiamos 100 escudos. Mas estar naquele estádio era o máximo para um puto xarila como eu.

Com o tempo continuamos a ir para lá fazer disparates e passear. Iamos para o camarote presidencial, para o museu do Benfica, saltavamos para o relvado, iamos a correr até ao meio campo e voltavamos a correr para a bancada com medo que alguém nos visse. Um dia pusemos mais de 100 torneiras a correr, tapamos os ralos e fugimos a correr. Selvagens..

Com o tempo, ir para o estádio nos tempos livres era a rotina. Para fazer disparates, ver os treinos, passear, namorar, qualquer coisa... o importante era ir para lá. O meu primeiro beijo a sério daqueles de telenovela. foi dado à Ana Rita, minha namorada da altura, num jardim que havia em frente ao pavilhão Borges Coutinho, à volta do estádio.

Em 92 inscrevi-me no ténis do Benfica. Um dia enquanto esperava por um amigo meu na porta principal do estádio da luz, com a minha raquete na mão, o Eusébio veio ter comigo e perguntou-me "Jogas ténis?" e eu respondi que sim. Ele ia só de passagem e sorriu-me, não disse mais nada... Tinha 11 anos e ele ainda parecia um jovem.

Nesta altura estava a despontar a geração de ouro do futebol português. Figo, Peixe, João Pinto, entre outros. No mundial de 91, na meia final com a Austrália, a minha mãe não me deixou ficar acordado a ver o jogo. Mas eu fiquei a janela do meu querto, porque dava para ouvir os golos. Ganhamos 1-0 com um golo espectacular do Rui Costa de fora da àrea. Na altura o Rui Costa deu uma entrevista a dizer que tinha sido o golo da vida dele. Na época seguinte ele marcou um golo semelhante ao Sporting Espinho e fora do estádio da Luz, fui falar com ele e perguntei-lhe "Rui, qual foi o golo da tua vida afinal? Este com o Espinho ou contra a Austrália?" Ele riu-se para mim e disse-me que tinha sido o da Austrália.

Em 1993 e 1994 vivi alguns dos momentos mais épicos no futebol, pelo menos no meu imaginário de criança.

Portugal jogava a qualificação para o Mundial 94 que se ia realizar nos Estados Unidos. O nosso treinador era Carlos Queirós e o nosso grupo de qualificação tinha a Suiça de Chapuisat e a Itália de Roberto Baggio que viria a estar na final.

No jogo fora com a Suiça, Portugal estagiou no estádio da luz antes de viajar. Li na Bola que o treino seria às 9 no estádio. Eram férias de páscoa ou carnaval e eu fui de bicicleta sozinho para o estádio por volta das 7.30. Queria ver os meus idolos a chegar porque o treino seria à porta fechada. Por volta das 8 chegou uma carrinha em frente ao estádio que transportava os equipamentos.

3 ou 4 responsáveis da selecção, vestidos de fatos de treino da selecção da marca Hummel, começaram a transportar tudo para o balneário até que houve um que reparou em mim de bicicleta, sozinho, em frente ao estádio, pois não estava lá mais nenhum louco, e disse-me "Miudo, queres ajudar?". Estava a sonhar! Ajudei a levar as bolas para dentro do balneário e outros sacos com chuteiras e tudo mais. Num dos momentos quando estava a arrumar as coisas começararam a entrar um por um: Vitor Baia, Figo, João Pinto, Oceano, Fernando Couto, Futre, Semedo, Paulo Sousa, Rui Àguas, Rui Barros, Jorge Costa, entre outros. Pedi autógrafos a todos.

Nesse mesmo ano, em 1993, e a jogar para a qualificação do Mundial 94, Portugal recebeu a Estónia em Novembro e precisava de ganhar por 4-0. Apenas ganhámos por 3-0 mas eu fui ao jogo no estádio da Luz. O jogo era à noite, por isso liguei aos meus pais e disse-lhes que ia ao jogo com o meu primo João. Na verdade, e com 12 anos, fui sozinho para um estádio lotado com 120.000 pessoas. Pedi a um velhote para entrar com ele, e mal entrámos fugi e arranquei escada acima para um jogo memorável. Obviamente que quando cheguei a casa fui apanhado e fiquei de castigo vários meses..

Nesta altura vibrava com o Sporting na taça uefa e fiquei devastado quando perderam com o Salzburgo no prolongamento, culpa do Costinha. Via os jogos do Porto na Champions League e exaltei quando ganharam 5-0 ao Werder Bremen fora. Na capa da Bola do dia seguinte dizia" O melhor líbero da Europa não se chama Franco Baresi, chama-se Fernando Couto e jogou ontem em Bremen. Vi o Benfica ganhar 6-3 ao Sporting de Figo, Balakov e Juskowiak com 3 golos de João Pinto. Foi o momento mais alto do meu fanatismo e que nunca mais se repetiu... um herói a remar contra tudo e contra todos.

Muitas mais histórias destas pessei nesta altura mas não vale a pena escrever mais. Com o passar dos anos, obviamente começei a ir menos para o estádio (tinha outras coisas para fazer como estudar hehe) e hoje com 31 anos já fui a grandes palcos europeus como Wembley, Camp Nou, Barnabéu, Gelsenkrichen e Old Trafford. Continuo e fazer cadernetas de cromos e gosto de analisar tácticas, equipas, estatísticas e acima de tudo vejo N jogos de 90 minutos com um simples objectivo: ver grandes golos e jogadas dos grandes mestres... o objectivo máximo do futebol. Também joguei federado vários anos Futsal e este ano até tive a minha experiência de treinador aqui no RAC.

Por toda esta forma como cresci no futebol, incomoda-me a situação que se vê hoje em Portugal e que eu próprio também contribui para ela. Já não exalto com as vitórias na Europa dos meus adversários. Já não me interessa muito ir a treinos de futebol ou viver a mistica do futebol. O que interessa são os resultados... porque GANHAR tornou-se a única forma de estar bem, tudo o resto é mau e tem que se mudar o treinador e jogadores. O futebol é agora um negócio de milhões e o amor à camisola tornou-se secundário.

Com o passar dos anos, gozar e apontar problemas é mais importante que ganhar e ver os jogos.

A situação de tensão e rivalidade que existe em Portugal é algo assustador. A raiva e agressão patentes no discurso das pessoas é algo que está atingir patamares preocupantes. Um jogo grande tem que ter 1000 polícias?? 1000???? Árbitros agredidos em centros comerciais? E se fossem os nossos pais ou tios a serem agredidos por causa do trabalho deles? Pedras em autocarros, confrontos de claques, etc são coisas que espelham a situação do futebol português dos últimos anos.

De quem é a culpa? Pinto da Costa? Do Facebook? Tretas!! A culpa é de cada um de nós que se deixa envolver em emoções estúpidas e opostas aquilo que é a verdadeira realidade do jogo. Interessa mais que os nossos adversários percam para os podermos magoar no Facebook do que ver o nosso clube a ganhar e festejar? E se agora estamos sim, como será no futuro?

É que não me parece que as coisas estejam a melhorar e não vejo responsáveis de clubes ou políticos a dar verdadeira importância ao assunto. Educação não?

Os últimos dois títulos que o Benfica ganhou, em 2005 e 2010, todos os adeptos de clubes contrários dizem que o primeiro foi devido a um lance irregular que foi falta do Luisão sobre o Ricardo e o segundo, o ano do campeonato dos túneis... em que o Hulk agrediu seguranças no estádio da luz. Este ano, quando tudo indicava que iamos ganhar de novo já se estavam a preparar para nos apontar mais coisas como o Capela ou sujinho, sujinho, etc.. Ou seja, neste momento, já nem me sinto feliz quando ganho e não dou valor quando os outros ganham e não gosto disso..

Estas coisas acontecem porque os adeptos benfiquistas fazem o mesmo quando os outros ganham... gozam e espezinham, arranjam motivos como o apito dourado e outros, não dando mérito à vitória dos outros.

Porque temos que fazer isso? Não dá para ver o jogo pelo jogo e deixar de dar desculpas? Não dá para falarmos apenas de aspectos técnicos e dos jogadores, ou mesmo que se fale sobre àrbitros, lembrar-nos que a época tem 50 jogos e cada jogo 90 minutos, e que não dá para acertar sempre... eu já fui árbitro de jogos e é muito dificil apitar!

O presidente do Benfica, que levantou o clube de uma situação bastante complicada, devia dar uma conferência de imprensa a pedir desculpa a todos os Sportinguistas e Portistas por certas atitudes que alguns adeptos tomam. Acho que ele em particular não tem contribuido para polémicas, mas como presidente devia ser a luz para guiar os adeptos em termos de valores. Não escrevam em monumentos, não comemorem antes do tempo, não chamem cabeçudo aos outros ou não mandem petardos.

Devia haver uma espécie de 10 mandamentos do adepto Benfiquista em termos de comportamento face a outras equipas.

Só assim poderemos ser respeitados: respeitando os outros.

As recentes reacções às derrotas de Benfica por parte de adeptos opostos não nasceram do nada... de certeza que nós já fizemos semelhante e portanto temos de parar de o fazer.

Concluindo, não estou satisfeito com a forma como se vive o futebol português hoje em dia. Não respeito muitas vezes os outros clubes portugueses e os outros adeptos não respeitam o meu clube.. penso que as coisas não precisam de ser assim. Como o futebol está associado a muitas emoções, esta falta de respeito passa para as amizades e para as relações entre as pessoas e isso é a parte que mais me assusta e que me faz sentir mal.

Rivalidade sim, mas com qualidade e classe.

Esta é uma visão muito pessoal das coisas, obviamente que há quem se esteja borrifando para o futebol e outros para quem a bola é tudo. Eu encontro-me no meio dos dois mas acabo como começei:

Adoro futebol. Aliás, amo futebol!

Saudações campestres,

Think about it!