segunda-feira, 25 de março de 2019

Maratona de Barcelona 2019.

Hoje o Blog dos Bosques volta a apresentar novos relatos sobre a maratona.

No passado domingo, dia 10 de Março de 2019, compareceram 20.000 atletas em Barcelona para correr os 42 kms da prova rainha e eu era um deles.

Mais uma maratona épica e um dia para recordar e contar aos netos.


Foi um dia perfeito. 

O clima estava perfeito. 

O percurso foi perfeito. 

A festa nas ruas foi mais que perfeita. 

Em vários momentos que me estava a ir abaixo, ouvia as pessoas gritar “Vamos Pedro, arriba Pedro!!”. Estavam seguramente vários milhares de pessoas nos passeios de Barcelona a aplaudir os corredores. Esta é sem dúvida a melhor parte da maratona: o sentimento de festa e de união em torno de um evento. Os espectadores são um espetáculo dentro do espetáculo. 



No último quilómetro da prova, já completamente esgotado e exausto, no limite do desmaio e dores de pernas, com o sabor de sangue a chegar-me a garganta, senti-me transportado pelo apoio do público e arranquei como um cavalo a alta velocidade ultrapassando várias dezenas de corredores. 

Foi um final glorioso e um recorde pessoal. 3 horas, 12 minutos e 4 segundos. Um ritmo de 4 minutos e 33 segundos por quilómetro. Terminei no lugar 1.175 entre 20.000 corredores. Uma melhoria de 8 minutos face ao anterior recorde.



Desta vez preparação para a prova foi tudo menos perfeita. Antes do grande dia estava receoso de como o corpo se ia comportar. Nos últimos dois meses esteve muito frio e vento em Teerão. Treinei debaixo de condições climatéricas bastante adversas, tais como temperaturas negativas e ventos frontais de 30 kms/hora. Tive também uma pequena lesão na anca em finais de janeiro que me condicionou durante alguns dias.

Nestes dias de treinos mais difíceis, procuro manter uma boa atitude. Gosto de pensar que as adversidades me tornam mais forte. Gosto de transformar o negativo em positivo. Não está frio, apenas não está tanto calor. As minhas pernas não estão fracas, apenas estão a desenvolver-se mais. Este tipo de pensamento e atitude fazem toda a diferença, não só na corrida mas em todos os aspetos da nossa vida. 


Em termos de treinos corri uma média de 60 kms por semana, durante 9 semanas, basicamente desde o inicio de Janeiro. Fiz também bastante treino de força  no ginásio e alongamentos, cerca de 1 hora por dia, 5 dias por semana. O meu filhote Vicente agora já dorme mais horas durante a noite, por isso o descanso também correu bem. Em termos de nutrição procurei manter o habitual equilíbrio entre hidratos de carbono, proteínas e muitas vitaminas e minerais.

E qual foi a principal lição que aprendi nesta maratona? Resposta: É importante ter uma estratégia de corrida. Estudar bem o percurso, fazer um planeamento do ritmo que pretendemos implementar nos vários momentos da prova, saber quando beber água ou ingerir um gel, adequar o equipamento às condições climatéricas ou por exemplo correr atrás de outros corredores em zonas com mais vento. O conhecimento e implementação destas variáveis trará acréscimos de bem estar e confiança. A preparação antecipada diminuirá o risco de colapso ou surpresas desagradáveis como frio, sede e esgotamento.



Na maratona como na vida há sempre sofrimento, não há como fugir. Mas podemos diminui-lo e estar preparados para ele.

Agora é continuar o caminho e o meu sonho continua vivo: correr a maratona em menos de 3 horas! E já tenho uma data e um lugar para esse sonho: Berlim, 29 de Setembro de 2019. 

Mas correr uma maratona em menos de 3 horas implica um aumento substancial do número de quilómetros por semana e uma auto-disciplina ainda maior em termos de descanso e nutrição. Será possível concretizar este objetivo? O sonho comanda a vida. Só se tentarmos podemos saber os nossos limites. 

Neste campo a minha filosofia é muito simples: prefiro tentar, apontar às estrelas e ao impossível e falhar... do que nem sequer tentar.

Think about it!