terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nos trilhos do Perú!

O Perú era um dos destinos mais aguardados pelo grupo. A capital do Império Inca, Cuzco e a cidade perdida de Machu Picchu aproximavam-se a passos largos.

Quando chegamos a Cuzco eram 5 da manhã. O autocarro que nos trouxe da Bolívia demorou 12 horas e desta vez saiu me a rifa no assento ao meu lado. Um padre de 150 kilos, vestido de saias e com a cara igual à do Ribery, scary!!

Ficou muito por ver no Perú. Arequipa e o seu parque natural de condores, o norte, a costa com as suas praias, a selva e mesmo outros locais mais interiores, onde gostamos sempre de ir para vermos as aldeias que não foram tocadas pelo tempo e onde as populações vivem da mesma forma há várias centenas de anos.

Fizemos Cuzco, Machu Picchu e Lima e já deu para ficar com uma ideia do país e a sua cultura.

Cuzco é uma cidade lindíssima. Tem muitos prédios de arquitectura colonial espanhola, praças onde se reúnem mercados e pessoas, uma catedral rica no seu interior, ruelas estreitas pavimentadas com calçada e muitas referências a arte. Na área de San Blas há algumas galerias, espectáculos de rua e restaurantes confortáveis. Num dos dias entramos na faculdade de belas artes e trocamos algumas impressões com um professor de desenho. Subimos a pé ao Cristo Blanco, uma estátua ao estilo cristo rei, e que do topo de uma montanha, abraça toda a cidade com os seus braços esticados.

No mercado presenciamos aquilo que já tínhamos visto noutras cidades da América do Sul. Muitas frutas, sumos, artesanato, roupa, comida, barulho, cores e milhares de acessórios à venda género capas de telemóvel e corta-unhas.

Ficamos hospedados num Hostel bastante bom e barato. Mas nunca consegui decorar o nome do mesmo. Ao fim de semana a cidade enchia-se de festa e havia vários bailaricos espalhados pelas ruas e pessoas a cozinhar. Aproveitamos para fazer algumas actividades outdoor que ainda não tínhamos feito: rafting no rio, andar a cavalo e fazer uma zip line, que é basicamente um cabo que é atravessado de um lado ao outro do rio e se passa pendurado num gancho a alta velocidade! Dar o primeiro passo mete medo...

A tão aguardada viagem para Machu Picchu começou na sexta-feira dia 29 de novembro. Só lá íamos chegar 1 dia depois. 

Há duas maneiras de chegar a Machu Picchu: a rápida e cara vs a lenta e barata.

A primeira custa 190 dólares ida e volta e é um comboio que sai todos os dias de Cuzco. A segunda vale cerca de 30 dólares...

Como bons mochileiros pobres que somos, avançamos para a segunda hipótese. Queríamos sentir as dificuldades de chegar a este sítio mítico e ganhar o mérito de ter chegado a Machu Picchu com esforço e trabalho!!

E na verdade isso aconteceu... Foi duro e estafante... O sítio mais afastado e difícil de chegar nas Américas até agora! Primeiro apanha-se um autocarro de 6 horas de Cuzco até Santa Maria. Nesse autocarro viajamos com dois peruanos a suar em bica e a cheirar a lixo. O condutor era louco e a estrada estava cheia de curvas. Eu e o Miguel enjoamos bastante. Depois um taxi de duas horas até à central hidroelétrica numa estrada de terra e com precipícios de várias centenas de metros. E para terminar a viagem até Águas Calientes, a cidade que serve de apoio a Machu Picchu... mais uma caminhada de 2 horas por uma linha de comboio no meio da selva! Nesta estrada que atravessa o vale sagrado, passamos pontes com tábuas de madeira duvidosas género Indiana Jones e vimos pirilampos ao anoitecer. Surgiram duas perguntas: onde estão os pirilampos que havia em Portugal antes? Ainda se vende o pirilampo mágico?

Quando se chega a Machu Picchu surge outra pergunta: porque é que os incas foram para ali?? O que lhes deu na cabeça? O sítio é completamente selvagem, situado num planalto de umas montanhas assustadoramente altas. Harry Bingham descobriu o local em 1911 com a ajuda de um pastor que lhe falou numas ruínas perdidas.

Acordamos por volta das 4 da manhã para apanhar um dos primeiros autocarros que leva os visitantes ao santuário. Às 6 da manhã em ponto, 11 em Portugal, as portas abrem. 

Nós entramos por volta das 6.10. 

A visão do santuário é simplesmente indescritível. A cidade e o estado de conservação em que se encontra são de cortar a respiração. Os espanhóis destruíram todas as cidades incas quando chegaram ao continente Sul americano, mas como nunca encontraram este local, ele assim foi ficando... Intacto!

Não se sabe ao certo para que servia este santuário... Retiro espiritual, centro religioso, forte militar, local para as mulheres do imperador, etc muitas são as hipóteses. 

Seja qual fosse a utilidade é simplesmente magnífico e recomendo vivamente toda a gente a ir. Subimos a montanha de Machu Puicchu para termos uma melhor vista e tirarmos algumas fotos. A escada é tão a pique que às vezes parece que se tem uma parede à frente. Muito semelhante à subida do Frodo Baggins para Mordor no Senhor dos Anéis. 

Vimos a arquitectura das casas na cidade principal e tocamos nas pedras de vários ângulos que se juntam como um puzzle umas às outras. É impressionante pensar como este povo carregou estas pedras que têm muitas toneladas e construíram estas estruturas há muitas centenas de anos sem sequer ter acesso à roda! Os Incas eram engenheiros fabulosos. Visitamos outros locais de interesse como o palácio do Inca e o templo das 3 janelas. 

Por toda a cidade correm carreiros de água construídos para facilitar o abastecimento de água e as canalizações. À volta da cidade, terraços com vários níveis, em formato de escada, serviam para cultivar batata, milho e favas. Estes terraços eram feitos na encosta nesta forma de escada para evitar a erosão criada pelas chuvas. Se eles não existissem, as terras seriam todas arrastadas!

Machu Picchu forever, era um dos sítios do mundo que sempre quis visitar e não desiludiu!

Para Lima, viajamos num autocarro super luxuoso com refeições a bordo e Tv privada com filmes e séries! Foram 20 horas que até se tomaram agradáveis!

Ficamos hospedados na zona de Miraflores, a única onde os turistas podem ficar nesta mega urbe de 12 milhões de pessoas... O resto é perigoso e feio!

Foi bom voltar ao nível do mar! Depois de 3 semanas na altitude foi excelente poder voltar a respirar em condições. A cidade tem uma linha de costa bastante bonita com praias e miradouros. Há vários surfistas na água. Comemos marisco, ceviche e bom peixe grelhado. Conhecemos o centro e visitamos as principais artérias. Trata-se de uma cidade moderna com muito comércio, prédios e trânsito. As pessoas mudaram face a Cuzco e já não se via tanto as feições Incas na cara das pessoas. 

Próximo passo é a Colômbia pois não nos deixaram entrar no Equador. É necessário ter um bilhete de volta para sair de lá e nós não tínhamos! Fica para a próxima e venha o Caribe da Colômbia, temos curiosidade em conhecer e guardamos 15 dias para o efeito!

O grupo de viagem segue unido. O cansaço é maior que nunca, os standarts de deconforto continuam a bater novos recordes mas já nos habituamos. Na Argentina por exemplo, marcávamos os Hostels com antecedência antes de chegarmos aos sítios. Onde isso já vai... Agora chegamos aos sítios, seja a que hora for e partimos à aventura, com a mochila às costas, em busca de hospedagem!

Na verdade, os sítios que conhecemos e as pessoas que se atravessam no nosso caminho compensam todas as dificuldades. Uma experiência sem igual mas também sempre igual: boa!

Think about it!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Believe in Bolívia!

Para sair do Chile, embarcamos num autocarro pelo meio do deserto de Atacama. Quando anunciaram a fronteira com a Bolívia, mandaram toda a gente sair para tratar do visto.

A paisagem era desoladora. Areia, pedras, um vulcão com o topo coberto de neve no horizonte e lamas de pescoço esticado a olhar curiosos para a agitação. Aparte destes animais, parecia que estávamos numa paisagem de Marte.

Dentro de uma casinha, um senhor de fato treino carimbava os passaportes. Por cima dele uma fotografia de Evo Morales, o presidente indígena do pais. Um revolucionário anti-Estados Unidos que expulsou o gigante Macdonalds da Bolívia!

Tinha alguma curiosidade sobre este senhor. Aliás, até sentia alguma admiração pela sua coragem! Uma vez li um facto curioso: não há nenhum pais no mundo que esteja em guerra e tenha Macdonalds. Coincidência?

Por este facto e pelo espírito revolucionário anti-capitalista que já tinha presenciado nestes 70 dias de viagem, estava à espera de encontrar uma sociedade em ebulição, com uma ideologia forte, segura do seu caminho e apostando nos seus recursos, turismo e cultura.

Mas após 10 dias na Bolívia fiquei um pouco desiludido. Afinal o presidente Evo não tem um rumo muito estável. Parte da atitude anti-EUA deve-se ao facto de os Americanos terem dado asilo político ao antigo presidente que fugiu há uns anos com umas malas cheias de dólares. O senhor Evo tentou ripostar recentemente dando asilo político a Edward Snowden, mas não conseguiu e até arranjou problemas com Portugal e outros países Europeus que não deixaram que o avião aterrasse nos seus territórios! Lembram-se disto?

O turismo não tem uma estratégia, apesar do país ter alguns dos sítios mais belos do planeta. As pessoas e os lugares não estão preparados para receber. Pela primeira vez estivemos em sítios sem electricidade ou papel higiénico. Internet nem vê-la apesar dos vários letreiros wifi. Pergunto-me se não será uma armadilha para estrangeiros. Rio-me ao pensar nisso.

Foi excelente estar nestes sítios genuínos e sem grandes organizações, pois apesar dos muitos desconfortos e de estarmos perdidos algumas vezes, não é isto que é viajar também?

Voltando ao líder da nação, Evo Morales, algumas das suas medidas e frases mais famosas incluem:

- O pagamento de um imposto especial para mulheres com mais de 18 anos que NÃO tenham filhos, com o intuito de aumentar a população.

- Sobre uma conhecida marca Americana de refrigerantes referiu, "a coca cola põe as pessoas carecas!"

- E no que toca a futebol, mostrou todo o seu conhecimento quando afirmou, "a minha equipa preferida em Espanha é o Barcelona, mas na Europa é o Real Madrid..."

Uma das leis que mais me surpreendeu é que os edifícios inacabados não pagam imposto. Posto isto, as pessoas não pintam os prédios onde habitam, deixando os tijolos cor de laranja à mostra, reforçando assim que o prédio não está acabado!!

Quanto ao povo em si, este não é como o Chileno ou Argentino. Estes dois últimos tinham pessoas bastante acolhedoras e era possível sentirmo-nos integrados mesmo sendo estrangeiros. Na Bolívia, há os Bolivianos e há os estrangeiros, não há cá misturas. Em muitas situações foram antipáticos, mas pronto há que aceitar a cultura. Também houve excepções e encontramos alguns nativos simpáticos. Têm conflitos de longa data com o Chile e saíram a perder em muitas guerras... Têm pouca auto-confiança e orgulho.

La Paz é a cidade mais alta do mundo a cerca de 3500 metros de altitude. Toda a cidade está enfiada num vale montanhoso. A paisagem deixa qualquer um de queixo caído. Colinas gigantes cheias de casas de tijolo, ruas a pique e milhares de fios eléctricos. Vivem lá 2 milhões de pessoas.

Uma das visões mais clássicas de La Paz são as senhoras de chapéu de côco e várias camadas de saias coloridas. Não é raro ver estas senhoras, com as suas bonitas tranças pretas, a carregar um bebé, as compras para casa ou o que vão vender nas ruas, tudo ao mesmo tempo!! Enquanto isso, e ao seu lado, o marido caminha tranquilo sem nada para carregar...

A Bolívia foi dura em termos físicos. As altitudes não deixam respirar tão bem e o corpo ressente-se. Várias vezes a subir escadas ou ruas ficamos sem ar. Também tivemos chuva, muito frio, calor abrasador, escaldões na pele...foi duro.

A natureza voltou a surpreender! O salar do Uyuni, o maior deserto de sal do mundo é majestoso. Como pode haver tanto sal a quase 4000 metros de altitude? No deserto de Atacama, este feito de areia, vimos novamente montanhas coloridas e rochas com formas caricatas devido à erosão de milhares de anos!

No meio de alguns kilómetros de areia que fazíamos de jipe, iam aparecendo também géiseres, lagoas às cores com flamingos e lamas a passear nas suas margens. Às tantas, quando aparecia uma lagoa já dizíamos "xxiiiii mais uma, que seca, estou farto de lagoas!".

Nos arredores de La Paz, descemos a mítica estrada da morte de bicicleta e a paisagem alterou -se completamente. Esta estrada desce 64 kms em estradas estreitas de gravilha e rodeada de penhascos. Nas montanhas onde fica situada a estrada, parece que estamos numa selva cerrada, tal é a quantidade de vegetação. As histórias sobre o perigo da estrada não são mentira, mas qualquer pessoa com um mínimo de consciência faz a estrada sem problemas de segurança.

Uma curiosidade: nos últimos anos morreram 19 pessoas a descer esta estrada de bicicleta, 12 eram israelitas... Os viajantes com atitude fatalista, um dia escreverei mais sobre eles.

No dia em que descemos a estrada, chovia torrencialmente e havia muita lama, o que trouxe dificuldades acrescidas. Neste vale onde se encontra a estrada, produz-se a planta da coca. É o segundo local do mundo onde se produz mais quantidade, apenas atrás do Sul da Colômbia. O próprio Evo Morales tem a sua plantação!

Depois do deserto, do salar e da selva a norte de La Paz, pensávamos que a Bolívia não nos ia surpreender mais...

Mas quando chegamos à Ilha do Sol no Lago Titikaka, esse pensamento provou ser errado. Uma ilha parecida com Santorini. Um lugar com um pôr-do-sol de quadro impressionista e onde vimos paisagens únicas.

Um dos sítios mais bonitos que visitamos nesta viagem: a Ilha do Sol (sim é verdade, cantámos a música do Netinho algumas vezes). A Ilha que os Incas diziam ser o local onde nascia o sol.

Nesta ilha também tivemos a oportunidade de ver aldeias bolivianas que permaneceram intactas com o passar do tempo. Burros, porcos, vacas e lamas. Campos de favas e milho descendo em formas de terraços pelas colinas. Casas de pedra com telhados de colmo. Famílias inteiras a lavar a roupa no rio. Caminhos de pedras soltas.

Senti-me mal de passar neste sítios com a minha roupa de turista.

Agora estamos no norte da Bolívia numa vila chamada Copacabana. Queremos apanhar um autocarro para Cuzco no Perú, ex-capital do império Inca e base de partida para Machu Pichu.

Só que... Há uma greve a bloquear a estrada por isso não sabemos se conseguimos sair hoje ou nos próximos dias!

A ver vamos! Até lá... Think about it!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Chile com carne!

Mal-me-quer, Bem-me-quer, assim foi o Chile.

No escudo governamental Chileno vem escrito "Con la razon o con la forza." (Com razão ou pela força!). Esta frase é uma boa introdução sobre o espírito do pais. Ou vai ou racha!! 

É um país peculiar tal como a Argentina o tinha sido. Os heróis nacionais são Salvador Allende e  Pablo Neruda. A geografia é estranha e única no mundo. 6000 kms de altura e apenas 175 kms de comprimento! O pais tem muitos recursos, principalmente agrícolas (fruta e vinho) e minérios. A maior mina de cobre do mundo fica no norte do Chile. E quem não se lembra da recente história dos 60 mineiros resgatados através de uma cápsula mínima? A costa do pais é banhada pelo oceano pacífico. Nunca o tinha visto e é grande, azul e lindo, o oposto da piscina dos Olivais. Quando se sobe para norte temos os Andes sempre a acompanhar-nos a Este. Que lindos e altos são, sempre com os seus picos cobertos de neve.

O pais tem um total de 17 milhões de pessoas. A capital Santiago, contando com os subúrbios, tem 5 milhões. Tal como a Argentina existe uma grande concentração de pessoas na capital. Porquê? Porque é aqui que está o dinheiro, trabalho, comida e água. As outras cidades referência são Valparaiso e Concepcion.

A arte urbana está em todo o lado. Centenas de desenhos e grafittis nas paredes cheios de cores e mensagem. Valparaiso é uma das capitais mundiais do street art.

O Chile tem qualquer coisa de Portugal. A luz solar é parecida. O tipo de vento é parecido. Valparaiso faz lembrar Lisboa e a estrada que vai desde esta cidade para Vina del Mar parece a marginal que vai até Cascais. A arquitectura também é semelhante mas o mais parecido são mesmo as pessoas.

Ou são as mais amáveis do mundo ou são as maiores bestas! Se vêm que alguém necessita mesmo delas as pessoas são antipáticas. Aconteceu-nos em restaurantes, em hostels  e noutros locais. Pessoas que estão acomodadas no seu posto de trabalho e como estão a ter um mau dia prestam um péssimo serviço. Mas por outro lado também encontramos gente super prestável e simpática. A quinta onde ficamos em Bulnes foi exemplo disso. O Andres, pai do Juan Pablo Chaparro, meu amigo do RAC, recebeu-nos como reis e deu-nos boa comida, cama e roupa lavada para além de nos ter mostrado toda a quinta com muita amabilidade, obrigado por tudo.

A natureza é mais uma vez avassaladora. Aqui em São Pedro de Atacama é tudo árido e as cores no céu à noite são vermelhas e cor de laranjas. A vir do Sul passamos por centenas de kilómetros de vinhedos e pomares. As montanhas estão sempre presentes. A vida selvagem é constituída por muitos tipos de pássaros desde pelicanos a condores, passando por albatrozes. Mas aquilo que mais gostei foram os lobos marinhos. Em Valdivia quando voltávamos de um bar, demos de caras com um bando deles à beira mar. Foi engraçado interagir com eles e conhecer o Pancho, o lobo marinho renegado pelas fêmeas e que anda sempre sozinho, um pouco como o João Soares. 

Nas ruas há juventude, mercados e lixo. Com a greve geral que tem assolado o pais nestes dias, a recolha de lixo deixou de se processar e há muita porcaria nas ruas, um espectáculo dos tempos modernos e um aviso para o futuro... Nas ruas das principais cidades há muita gente e juventude. Impressionou-me uma aula de zumba que vimos no meio de Valdivia com gente de todas as idades a partir a loiça literalmente! No centro de Santiago andamos pelas ruas pedestres cheias de árvores e raios de sol e era bom estar ali... Em várias avenidas há pianos que as pessoas podem tocar se quiserem. Várias pessoas como nós reúnem-se à volta para ouvir. Tanto em Santiago como Valparaiso fomos a mercados de fruta, marisco, carne, meias, roupa, livros, antiguidades, etc.. Tudo cheio de cores e vida, excelente para dar passeios. 

Sobre a história do pais não me vou alongar muito. Mas vale a pena pesquisarem, se quiserem, a história da independência em relação a Espanha, a história de Salvador Allende, o golpe de estado de Pinochet e a história de Pablo Neruda. Tudo referências muito fortes e que vale a pena ler. 

No grupo tudo continua bem. O roubo da mala do Jiggie em Santiago podia ter fragilizado as coisas mas teve o condão de fortalecer. Ele desviou o olhar da mala por apenas 5 segundos, o suficiente para um cobarde pegar na mala e se enfiar num taxi e fugir. Mas tudo foi resolvido: já tem uma mochila nova, eu dei lhe a roupa que pude e fomos à embaixada buscar um passaporte temporário que foi logo emitido. Tudo resolvido com muita cabeça, o que pode ser difícil de manter quando se anda na estrada há dois meses!

Às vezes estamos cansados porque as condições não são as melhores. Mas é só fisicamente. 

Na nossa mente e espírito estamos motivados e muito felizes. Sabemos a sorte que temos em estar a fazer esta viagem e viver estas experiências. Todos os dias agradeço esta oportunidade e tento aproveitar o máximo. 

Amanhã passamos para a Bolívia e começamos logo com uma excursão de 3 dias no Salar do Yuni. Diz que é bonito.

Think about it!


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ushuaia, El calafate e Bariloche!

Olho para o relógio e ainda são 10 da manhã. O autocarro partiu de El calafate às 4 da tarde do dia anterior e só vai chegar às 21 horas. São 29 horas até chegar a Bariloche. A Argentina continua gigante!! Depois dos 5000 kilómetros que fizemos no norte do pais, a imensidão continua no Sul, e entre cada lugar temos de percorrer centenas de kilómetros e muitas horas de viagem.

A primeira viagem no Sul da Argentina foi para Ushuaia, Terra do Fogo. A cidade mais a Sul do mundo, porta da Antárctida e muitos mais adjectivos para um lugar que sem dúvida é longe de tudo! O cenário mudou em relação ao norte da Argentina. Ficou frio e o topo das montanhas ganhou como que um cabelo branco, restos das neves de inverno. 

Se um dia prometerem a uma pessoa que vão com ela até ao fim do mundo basta vir aqui e depois livram-se da promessa! É mesmo o fim do mundo! A distância e mística do lugar reflectem-se nos preços. A comida e o alojamento são mais caros. A roupa custa fortunas mas lá consegui arranjar um casaco por 12 euros. Se calhar não foi assim tão boa ideia ter trazido apenas duas camisolas... A excursão ao farol do fim do mundo, através do Beagle Channel ficou em 30 euros, caro para o nosso Budget e para um pais como a Argentina. Mas valeu cada cêntimo. Sempre tive o sonho de navegar perto deste farol e fazê-lo numa mini embarcação rodeados de pássaros e leões marinhos foi mágico. Que lugar fenomenal!

Ficamos hospedados no Hostel Cruz del Sur, o melhor até agora na América do Sul. Os donos, Tio e Ana, eram meio doidos mas receberam-nos muito bem. O pequeno almoço era fantástico com pão bem fresquinho. O resto dos hóspedes também eram simpáticos e conhecemos uns brasileiros que estavam a viajar pelo mundo inteiro, o Marcos e a Cau, boa gente. Visitamos a antiga prisão e conhecemos a sua história. Ushuaia era como a Sibéria da Argentina: no início do século XX, muitos presos eram desterrados para aqui de modo a cumprir pena e trabalhos forçados. Conhecer a história de alguns presos famosos foi muito interessante.

Após Ushuaia seguimos para El Calafate, a terra do glaciar Perito Moreno, mais um dos locais míticos que sempre quis visitar. E não desiludiu! Um glaciar imenso enfiado no meio de um vale com vários tons de branco e azul. Fizemos a viagem de barco até à parede do glaciar e andamos nas passadeiras que tinham uma vista sem igual. O glaciar avança um metro por dia e vai-se desmoronando aos poucos para a água. O barulho do gelo a estalar e a cair para a água é estrondoso! A vila de El Calafate em si não é nada de especial. Casas baixas feitas em zinco e uma ventania a fazer lembrar a Nazaré em dias de festa!

Quando bateram as 21 horas o autocarro chegou finalmente a Bariloche, norte da Patagónia. No chão do Bus havia lixo, o ar cheirava a pessoas mas tínhamos sobrevivido! Serviram-nos refeições manhosas mas que até deu para comer e vimos alguns filmes. O pior foi quando puseram o Piratas das Caraíbas 4 pela segunda vez. O martelo de quebrar vidros que estava afixado ao meu lado e para o qual já tinha olhado 127 vezes durante a viagem tornou-se apetecível...

Na chegada a Bariloche a paisagem mudou. Depois de muitas horas e muitos kilómetros onde a vista era apenas a aridez da Patagónia com estepes planas cheias de ovelhas e poços de petróleo, chegamos a uma Suíça ou Áustria. Montanhas brancas com lagos lindos e pinheiros nas bordas. Challets de estilo Suíço feitos em madeira com jardins e relvados. No pós segunda guerra mundial houve muitos alemães que se refugiaram aqui e a herança germânica está bem presente. No inverno este lugar é também uma estância de ski. Os chocolates também são famosos! 

Para conhecer a vila e arredores fizemos um passeio de bicicleta de 27 kilómetros. As descidas eram feitas a mil à hora com a bicicleta completamente descontrolada e o vento a bater na cara. As subidas enfim... É melhor nem falar sobre isso, um sofrimento autêntico! Mas as vistas valeram a pena. Os lagos azuis com as montanhas ao fundo cobertas de branco são uma paisagem de cortar a respiração. 

A viagem soma e segue. Ontem foi o meu dia 50 em viagem e os locais continuam-me a surpreender muito, particularmente aqueles na natureza. Todos deveriam fazer esta viagem. O companheirismo continua bom no grupo e o orçamento cada vez mais apertado. O atum e as pizzas parecem caviar. A água potável é mel. Roupa lavada é o equivalente a vestir um pijama de seda. 

Próxima paragem já depois de amanhã: Chile! 

Até lá, think about it!

domingo, 20 de outubro de 2013

Iguazu, Salta, Purmamarca, Cafayate e Cordoba!

5000 kilómetros em 10 dias. São estes os grandes números da nossa viagem pelo norte da Argentina.

Passámos em Iguazu, Salta, Purmamarca, Cafayate e Cordoba. Amanhã voltamos a Buenos Aires directos para o Aeroporto de onde voamos rumo à Patagónia, mais concretamente Ushuaia, a cidade mais a Sul do planeta.

A Argentina é gigante. Não há outra palavra ou adjectivo para descrever a magnitude deste país. E a diversidade é tão grande que parece que estamos a viajar em países diferentes.

A caminho do Iguazu, cerca de 1400 kms a norte de Buenos Aires, viajávamos no nosso carro alugado através de uma paisagem típica da pampa Argentina. Planícies verdejantes, com vacas e cavalos a pastar. De um momento para o outro a terra foi ficando vermelha tom de tijolo e as primeiras palmeiras surgiram no horizonte. O ar tornou se mais húmido e pássaros coloridos apareceram no ar. Tudo isto num espaço de muitos poucos kilómetros!!

Parece banal falar de mudanças de paisagem mas foi mesmo impressionante a quantidade de lugares que vimos nestes dias. Em termos de comparação, uma pesquisa rápida no Google diz-me que a distancia entre Lisboa e Moscovo são 4500 kms. Ora, nós fizemos 5000 kms por isso dá para perceber o quão diferentes foram os lugares que estivemos.

Em Iguazu parecia que estávamos numa selva tropical. E quando se chega às cataratas o espectáculo é sublime. Trombas de água de milhares de metros cúbicos por segundo caindo pelas montanhas abaixo e fazendo um barulho estrondoso. Com o estrondo da queda, muitas gotas se elevam no ar como formando um nevoeiro de água. E quando aparecem os raios de sol e se cruzam com estas gotas... junta-se 2 ovos, 500 gramas de farinha, leva-se ao forno durante 15 minutos e... temos vários arco íris. Uma receita fácil!! Na América do Sul, adoram nomes marcantes e fortes, por isso não admira que a maior queda de água em Iguazu se chame Garganta del Diablo!

Em Salta entrámos no sopé dos Andes e vimos as primeiras cordilheiras. A grandes altitudes, a aridez toma conta da paisagem e enquanto subíamos parecia que estávamos a ir da Covilhã para a Serra da Estrela. Antes de chegarmos às montanhas fizemos uma estrada em linha recta de 800 kms (???). Por favor não me falem mais da recta "gigante" de 20 kms que liga Catanhede a Mira!

Em Purmamarca, 200 kms a norte de Salta, a vista era semelhante a um Grand Canyon misturado com um deserto mexicano. Montanhas e desfiladeiros com várias cores e formas. Rios secos e cactos estrondosos, alguns com 4 metros de altura e várias ramificações. Diz-se que um cacto cresce apenas 2 cms por ano por isso algumas destas plantas deviam ter centenas de anos.

Em Cafayate a aridez continuou e o espectáculo das montanhas coloridas prosseguiu durante 50 kms. Tudo isto enquanto guiávamos no meio de um vale que parecia encantado. Nesta região também se faz muita vinha, mas aqui não dou o braço a torcer... O nosso Douro vinhateiro é 1000 vezes mais bonito! A descer das montanhas para Cordoba, apareceu de novo a vegetação verdejante e os rios com a água que descia das cordilheiras. Parecia que estávamos numa Áustria misturada com o countryside inglês. Animais a pastar, campos de cereais, tudo rodeado por colinas e montanhas.

Agora estamos em Córdoba e não há muito a assinalar. É uma cidade com 2 milhões de pessoas, a segunda maior da Argentina e semelhante a Buenos Aires. A única diferença é o calor. Estão 35 graus neste momento. Ontem fomos sair aqui, e eu levava uma t shirt do clube futebol Boca Juniors. Foi sem querer que levei esta tshirt mas ao início não me deixaram entrar num bar porque o porteiro não gostava desse clube. Depois acabamos por conhecer imensa gente devido à t shirt, inclusive um dos líderes da claque do Belgrano, o clube local de Cordoba. O futebol é mesmo um grande veículo cultural e de comunicação.

Assim continua a viagem, mas já estamos desejosos de ir para Sul, rumo à Patagónia. A paisagem vai alterar-se de novo e as temperaturas também. Estamos a contar com zero graus.

Temos conhecido imensas pessoas e sentimo-nos seguros em todo o lado. Andamos com um Budget apertadíssimo e não gastamos mais de 15 euros ao todo, por dia, em alimentação e dormida. Se ultrapassar estes valores simplesmente saímos dos sítios. É hilariante quando nos sentamos num restaurante, o Jiggie olha para os preços do menu e diz "bem pessoal vamos embora?" E arranca porta fora!

Nos hostels partilhamos quartos com outros viajantes, alguns mais limpos que outros. Já tivemos algumas situações onde a higiene ultrapassou os mínimos olímpicos. Eu por exemplo recuso-me a partilhar o meu sabonete com outras pessoas, os meus companheiros não concordam e usam. Alguns locais não apetece tocar em nada e quando pouso a escova de dentes num lavatório tem que estar sempre virada com os filamentos para cima para não tocar nos germes da porcelana. Não me lixem pah!! Nunca temos qualquer conforto e por vezes alimentamo-nos mal e andamos cansadíssimos, com isso não me importo, faz parte do espírito do viajante e até gosto para ser sincero. Mas manter a higiene em viagem é fundamental!! Enfim, parece que na Bolívia e no Peru esta situação ainda vai piorar, vou tentar manter actualizações sobre este tema!

Próximo post no blog dos bosques: Patagónia!

Até já and..

Think about it!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aires Buenos!

Passámos 5 dias em Ameghino, na quinta do Felipe Harrison ( o meu colega do RAC), e depois regressámos para Buenos Aires.

Na quinta fomos recebidos como família. O Juan Harrison, irmão do Felipe, mostrou-nos a quinta toda e como funcionava o sistema. Uma propriedade de 5000 hectares na melhor terra da pampa Argentina, com vacas para carne, pastagem e cereais. Trabalhámos no duro e aprendi bastantes coisas. Tivemos também momentos bastante idílicos e que nunca esquecerei quando me recordar desta viagem.

Um final de tarde, a voltar do trabalho com as vacas, cavalgamos na pampa Argentina. Eu, o Miguel Queirós mais dois gaúchos, o Marcos e o Manuel. A paisagem era deslumbrante. A pradaria verde estendia-se por kilometros, o céu azul com algumas nuvens reflectia-se nalgumas pequenas lagoas e grupos de cavalos selvagens corriam curiosos ao nosso lado.

Naquele momento perguntei ao Marcos:

- Hombre que se piensa en un tan perfecto momento como esse?

Resposta do Marcos: no si piensa en nada, sigue tranquilo.

É engraçado que a mensagem de muitas pessoas em locais diferentes da América do Sul é a mesma... Segue devagar, com menos e sem pressas!

Fomos convidados para jogar futebol no Clube de Polo Media Luna, o clube de polo mais antigo da Argentina. Um jogo que acontece todos os domingos há 20 anos entre as pessoas do Pueblo de Ameghino. A relva estava perfeita, a temperatura estava quente. O ritmo não era alto, mas como não me encontrava em forma foi bastante duro. Com o resultado em 1-1 e a poder pender para qualquer lado marquei um golo de fora da área ao ângulo! A glória futebolística finalmente a chegar aos 32 anos, um momento inesquecível.

As refeições foram excelentes mais uma vez. Estufado de carne com scones, tartes de leite condensado, merengue, vitela na grelha, pizzas caseiras, etc.. Tudo com pessoas que nos recebiam com um sorriso e interessadas no nosso percurso de viagem e de vida. Um destaque especial para o Avô do Felipe e do Juan, Peter. Com 87 anos continua a dirigir os destinos da quinta, tem um grande sentido de humor e revelou uma paciência sem limites para nos contar dezenas de histórias. Obrigado.

Voltamos para Buenos Aires na segunda-feira, na carreira da meia noite. Uma viagem de 7 horas num autocarro colorido de dois andares, numa cadeira meio cama, e mais ou menos confortável. Uma amostra daquilo que vamos ter nos próximos meses. Pus os tampões nos ouvidos, agarrei-me ao passaporte e ao IPad e adormeci.

Já em Buenos Aires com o trio completo ( o Jiggie das Arábias chegou são e salvo), a exploração da cidade continua. Já é a terceira vez que aqui estou!

Desta vez estamos num Hostel mais internacional, com pessoas mais jovens e cheio de pinturas estilo grafittis pela parede. De manhã temos um pequeno almoço que não é nada mau... Cereais, leite, pão, manteiga e sumo. O Hostel chama-se Art Factory e fica em San Telmo, calle Piedras 545. Estamos a partilhar um quarto triplo que nos custa 8 euros por noite a cada um. Comparado ao Tanguera Hostel onde ficamos a semana passada estamos num condomínio de luxo. A higiene era precária, a maioria das pessoas eram residentes permanentes que bebiam bastante e por vezes, quando chegávamos à noite, podia acontecer que não nos abriam a porta porque o porteiro adormecia.. Um excelente Client Service portanto!

Mas aquilo que mais me tem surpreendido nesta cidade são os eventos culturais.

Os museus (Malba, Mamba e Centro Cultural Recoletta), apresentam exposições cheias de cor, desafio e genialidade. Fiquei particularmente intrigado com os trabalhos de José Guervich, Liliana Porter e Antonio Berni.

As milongas de tango (maldita, calle Peru 540), casas de tango vadio onde a sensualidade impera e bandas com acordeões e violinos rasgam o ar.

Os espéctaculos bomba del tiempo (todas as segundas centro konex) e fuerza bruta (centro cultural recolletta de quarta a sábado) são simplesmente inesquecíveis, contemporâneos e invasivos de todos os sentidos. Água, luzes, tambores, barulho, gritos e dança. O estabelecimento de uma ordem no meio do caos total.

A arquitectura por todas as ruas é imponente. Prédios de vários estilos, apresentando pormenores nas janelas, portas e varandas, alguns a fazer lembrar aquelas villas italianas à beira de lagos paradisíacos. Existem também muitos prédios degradados cheios de betão, ferro e tijolo à mostra... mas até isso parece fazer parte.

É impossível não nos sentirmos tocados por esta realidade tão humana, verdadeira e actual.

Hoje à noite jantamos com os pais do Jiggie para comemorar o seu aniversário. O restaurante escolhido foi o La Cabrera (calle Cabrera em Palermo). Devo ter comido mais de 500 grs. de carne, neste que é considerado um dos dois melhores restaurantes de Buenos Aires. Obrigado.

Agora é hora de ir dormir, o Jiggie já ressona alto e bom som, e o Miguel lê o seu livro "A Revolução de uma palha" de um autor Japonês que tem uma perspectiva bastante interessante sobre a agricultura orgânica. Temos discutido bastante este autor, um livro a reter sem dúvida.

Amanhã é o nosso ultimo dia em Buenos Aires e sábado começa a aventura na estrada, destino Iguazu no norte da Argentina, fronteira com o Brasil e Paraguai!

Faz hoje um mês que cheguei a América do Sul, que ricas experiências me tem proporcionado este continente!

Até já!

Think about it!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Visita a Buenos Aires e o regresso ao campo!

Depois de 5 dias em Buenos Aires partimos.

Buenos Aires não deixa ninguém indiferente. Com 12 milhões de pessoas é uma das grandes metrópoles mundiais. A Argentina tem 40 milhões de habitantes e é um dos maiores países do mundo... Porque se concentra aqui tanta gente?

A pátria Argentina vive no imaginário de todos nós. As grandes referências são Diego Maradona, os bifes tenros do gado de pasto, a sensualidade do tango, o azul claro da sua bandeira e a pampa... terra plana sem fim onde os gaúchos conduzem as manadas.

Mas tenho más notícias a dar aos mal informados. A Argentina também é um país com graves desequilíbrios.

Para além da disparidade na concentração populacional, existem graves problemas sociais, muita diferença entre ricos e pobres e corrupção nas altas estâncias governamentais. Circulam as histórias de malas cheias de dólares onde o dinheiro nem é contado, apenas pesado. 4 kilos para um milhão de dólares, 8 kilos para dois milhões e por ai fora.

Cristina Kirchner, a presidente que subiu ao poder a seguir ao seu marido Nestor, fechou o pais ao exterior, género Salazar. Neste momento a Argentina não pode exportar carne (?), a população não pode comprar moeda estrangeira e não há Apple à venda por exemplo.

Em Buenos Aires há milhares de sem abrigos, as ruas estão sujas e tudo é um bocado caótico. Como pode um pais com tantos recursos e deste tamanho viver uma situação destas?? A verdade é que existe um historial de sucessivos governos que não funcionam... Tudo feito com muito coração e pouca cabeça, clássico do género sul americano. Quando vêm os governos de esquerda roubam aos ricos para dar aos pobres e o país pára. Quando vira à direita as desigualdades acentuam-se e as malas com dólares circulam como castanhas assadas no outono à porta das Amoreiras.

Esta ditadura económica conjugada com a liberdade de expressão e de imprensa cria novas sociedades e maneiras de pensar. A Argentina não é excepção. As pessoas são informadas e educadas mas sentem-se incapazes de lutar contra o sistema. Por onde começar? O voto já não é suficiente para mudar as coisas e o futuro é incerto... apenas há a certeza que vai ser pior.

Mas depois há o lado positivo.

As pessoas falam de novas formas de viver... Viver com menos e com mais justiça. As novas gerações preocupam-se com a natureza e o ambiente. Nas grandes metrópoles como Buenos Aires respira-se cultura. Surgem novas tendências, a música reinventa-se e novas formas de arte aparecem. O que salta mais à vista são as paredes cheias de Street Art, género Banksy, e que no futuro vão ter que ser vistas como as melhores colecções de arte pública.

Tudo isto faz com que Buenos Aires não nos seja indiferente. A cidade simplesmente invade-nos os sentidos. Passamos 5 dias onde visitamos muita coisa: museus, parques, concertos e praças. Ainda falta ver muito. Para a semana vamos lá passar mais 5 dias com o Jiggie das arábias e espero conhecer ainda mais realidades.

Para já voltei ao campo. Desta vez o Miguel Queirós veio comigo. E que bem sabe respirar o ar puro!! Viemos para a quinta onde era suposto vir desde o início, a do meu amigo Felipe Harrison, colega do RAC, situada em Ameghino, 500 kms a oeste de Buenos Aires.

Uma quinta diferente da Malfatta. Na Argentina diz-se que ter uma quinta como modo de vida é um mau negócio. Mas ter uma quinta como um negócio é um grande modo de vida. Na Malfatta  aprendi muito sobre manejo de ferramentas, animais, fazer cercas eléctricas, matar porcos, cozinhar pão, reutilizar recursos, andar a cavalo, etc mas a quinta não tinha registos de nada, tudo se ia degradando e não havia um plano ou um caminho. Num dia contávamos 19 porcos e no outro já só eram 13, o dono não se preocupava muito com isso...

Aqui nesta quinta, a vida também corre devagar e respeita-se a natureza e o meio ambiente. Mas a quinta é gerida como uma unidade de negócio. Sem uma rentabilidade, podemos ter as melhores ideias e uma vida maravilhosa no campo, mas no fim onde estará o ganho para comer e sustentarmos uma família por exemplo? O equilíbrio será sempre a palavra a reter. Ir para a agricultura para se ficar rico parece-me impossível mas é necessário pagar o investimento. Sem rigor, responsabilidade e planeamento não se consegue chegar lá.

Para já fomos muito bem recebidos e já conhecemos algumas das pessoas que aqui trabalham, a família do Felipe e o sistema de produção implementado. Felizmente o pai do Felipe já está melhor e em recuperação do acidente de carro que teve, mas o nosso guia tem sido o Juan, irmão do Felipe, um muy bueno xico. Quase 5000 hectares, divididos entre vários membros da família e dedicados à produção de vacas para carne (Hereford e Angus) e culturas como milho, trigo, soja, cevada, triticale e aveia. Hoje já conhecemos os meandros da quinta e até vimos uma sementeira de milho a ser feita.

Só vamos aqui ficar 5 dias mas espero aprender muito! Quem sabe um dia mais tarde, volto com mais tempo. Hoje jantámos uma milaneza com puré. Em português, bifes panados com puré. A Argentina é um petisco! Tudo é bom e não há dia que passe sem carne e dulce de leche para sobremesa. Agora a lareira crepita, vou terminar este texto e descansar que amanhã é um dia duro de análises a touros e vacas!

Think about it!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O outro lado da Malfatta!

A música está sempre a tocar. Não é às vezes. É sempre. Tudo toca. Música Argentina, brasileira, italiana, americana, peruana, africana, clássicos, clássica, rock, Hip Hop, heavy metal, calminha, acelerada, volume alto ou baixo, tanto faz, agora neste momento passa Jonhy Cash. Os vários viajantes que aqui passaram foram deixando música ao Ivan e ele orgulha-se de ter 250 gigas de music files! É como estar num filme e haver sempre uma banda sonora, eu gosto! Às vezes quando vamos para a horta levo o IPad, e também ouvimos música enquanto trabalhamos.

Falamos e rimos muito. Falamos de ideias novas e de mudanças de vida. Todos os que aqui estamos viemos à procura de algo. Uns querem abrir o coração e a mente, outros viajam sem destino e acabam aqui. Mas a verdade é que há uma grande sensibilidade para assuntos de reflexão interna. O Ivan, sendo mais velho, dá os conselhos que pode. No fundo sabe sempre bem falar destas coisas que nos vão no pensamento e partilhar com os outros. No meu caso, a mudança operou-se no dia em que decidi mudar de carreira há dois anos. Embora a mudança física e de rotinas tenha sido imediata, na consciência as coisas não foram imediatas e nem o poderiam ser. Ainda sou muito apegado à cidade e às suas rotinas. Certo é que cada vez que tenho estas experiências de trabalho em quintas evoluo um pouco mais na direcção que escolhi. Uma vida mais calma no campo e na natureza, rodeado pelos animais e culturas. Vivendo com menos. Reciclando e reutilizando. Aprendendo a fazer coisas novas. Tocando nas coisas com as mãos e levando com o vento, sol e chuva na cara.

Mas não é fácil mudar assim. Todos os dias faço disparates. Seja no trabalho quando os porcos fogem ou na cozinha quando corto queijo ou cebolas e deixo bocados enormes colados à casca, sinal claro do desperdício citadino. Também em termos mentais estou sempre a planear as coisas de forma constante e com os olhos no próximo passo, hábitos do escritório. Já levei na cabeça aqui por isso... Aconselham me a viver mais devagar e a saber parar para apreciar os momentos, amando o que me rodeia... Sigue caminando, no sigas corriendo! Não é nada fácil mesmo, mas também não é algo que represente um esforço espartano para mim ou que me incomode. Aprecio esta vida mais lenta e ligada às pequenas coisas. O caminho pode ser longo mas já vai a meio!

A única coisa que não anda devagar é o cavalo Refucilo. Um cavalo selvagem que estava ai a pastar num campo e que galopa que nem uma seta de forma descontrolada. A sensação de galopar em cima dele não tem descrição possível. Antes de ontem mandou-me ao chão de forma um pouco violenta. Não houve lesões... mas pronto, um dia tinha de acontecer.

À noite na lareira também se fala do estado do mundo: do crescimento populacional, energia, água, comida e do que vai ser de nós no futuro com o actual estado das coisas. O crescimento exponencial e o capitalismo são criticados. Dizemos mal dos EUA. Falamos que tudo devia ser de todos. Às vezes parece que estou no "Diários de uma motocicleta" do Che Guevara ou a cantar o Imagine do John Lennon. Não concordo nem discordo de tudo mas é bom estar no meio deste espírito revolucionário Sul Americano. Também temos tido muitas visitas. O Ivan tem muitos amigos que aqui vêm comer e passar a noite. São todos impecáveis e simples... é bom conhecer estas pessoas.

Notícia de última hora: o meu irmão Miguel Queirós vem cá passar 3 dias a partir de quinta-feira. Estar com ele aqui vai ser especial.

A experiência na Malfatta soma e segue, agora é hora de ir preparar mais um petisco, esta quinta devia ter 2 estrelas Michellin!

Think about it!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Uma quinta na Argentina!


O Ivan está a cozinhar e nós vamos ajudando e pomos a mesa. O Ivan é o dono do Rancho La Malfatta (mal feita em Italiano) e nós sou eu, o Benoit de França e o Ambrosi de Itália. Todos diferentes, todos iguais. Pelo menos aqui neste espaço e neste momento do tempo. Daqui a uns dias se calhar chega uma alemã e depois quem sabe outro viajante de qualquer outra nacionalidade.. O portão está aberto!

A Malfatta tem 750 hectares e fica a 20 kilómetros da cidade de Urdinarrain, província de Entre Rios, 230 kms a norte de Buenos Aires. Urdinarrain tem cerca de 8.000 habitantes e a grande maioria são descendentes dos alemães do Volga que para aqui vieram no final do século XIX. Pele clara, olhos claros e muito tranquilos. Aqui há escolas, bastante comércio, mercearias, pessoas na rua, os edifícios são baixos, há uma grande igreja mas apesar disso não se pode dizer que seja um sítio muito bonito, pelo menos no que toca à cidade... pois nas redondezas, Deus tocou neste lugar com bastante cuidado e pintou um quadro bem bonito. Tratam-se de kilometros e kilometros de planícies. Pradarias verdejantes com vacas, cavalos e ovelhas a pastar. Água não falta e mesmo se houver uma temporada de calor, quando vier uma tempestade, podem cair 50 mm numa só noite... Acreditem, é bastante!

Julgando a abundância de recursos na Argentina, é legítimo pensar-se que assim é fácil ser agricultor.

Infelizmente não é bem assim. As vacas também têm mau feitio, os porcos também são gananciosos e as ovelhas idiotas! Os solos também precisam de ser cavados, as bombas de água também avariam e as ervas daninhas crescem como as promessas em tempos de eleições.

O trabalho começa pela manhã. O Ivan não nos obriga a trabalhar nem nos controla nem impõe prazos. O trabalho vai surgindo e faz se à medida que o tempo vai correndo. Quando é tempo de comer come-se, quando é tempo de dormir dorme-se. Como quero aprender o máximo possível dedico-me de sol a sol e faço o máximo de perguntas possíveis. É reconfortante viver neste lugar e um privilégio saber que vou passar aqui um mês. Pergunto-me se estou longe da realidade ou mais perto dela. Sinceramente não sei responder a isto... Sei que esta é uma oportunidade única na vida e à semelhança daquela que tive na Austrália no verão passado não pretendo desperdiçá-la.

A Malfatta é um sítio especial. Pelas paredes há frases escritas, desenhos pintados, fotografias e objectos que testemunham a passagem de muitos couch surfers ou agricultores que aqui vieram à procura de estadia ou experiência de trabalho. A quinta é como um museu vivo. Segundo o Ivan já passaram aqui mais de 300 pessoas. 300 histórias, 300 objectivos, 300 personalidades. Mas apesar disso nota-se que a quinta já esteve no seu pico e encontra-se talvez numa fase descendente. Há algumas coisas por tratar e arranjar e o próprio Ivan já não tem a energia e disponibilidade que deve ter tido antes. É um homem muito sábio e inteligente mas uma lesão numa perna e a morte de uma filha há 6 anos mudaram as coisas... Isto são especulações obviamente pois não estive cá antes para ver...Mas apesar disso canta, sorri, cozinha e tem sempre espaço para uma boa conversa sobre qualquer tópico seja cinema, história ou arte. É um homem especial e mantém as regras bem delineadas aqui em casa. Nós mantemos as coisas arrumadas e ajudamos... mas parece-me que já devem ter passado por aqui muitos cowboys sem regras e educação. Eu gosto do sistema e sinto-me em casa.

A filosofia da quinta é de sustentabilidade. Tudo é reutilizado. Não é reciclado atenção! Tudo o que é papel vai para a lareira. Das embalagens fazem-se vasos. Os restos de comida vão para os porcos. De dois em dois dias fazemos pão. Não há caixote de lixo. Não há água quente. Não há luz na zona dos nossos quartos. Na minha cama não há lençóis e a minha almofada é uma fronha com alguma coisa lá dentro que ainda não tive coragem de espreitar. Vive-se com simplicidade mas vive-se bem e sem pressas. Não há conforto mas sinto-me confortável. Todos os dias há carne, da melhor que já comi ou não estivéssemos na Argentina.

Por falar em comida, daqui a nada o Ivan vai tocar o sino para ir jantar. Apesar de estarmos todos na mesma sala ele insiste em tocá-lo... Deve ser uma tradição que perdura.

É bom voltar a escrever no Blog dos Bosques. Esta estadia na Argentina é a primeira etapa de uma viagem de 4 meses pela América do Sul. Vou tentar escrever sempre que puder e relatar as aventuras na Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. Espero que acompanhem e gostem.

Até lá..

Think about it!


Enviado do meu iPad

domingo, 2 de junho de 2013

10 de Abril de 2011 - The beginning. 2 de Junho de 2013 - The End.

(Texto escrito há  dois anos antes de vir para o RAC)

Lisboa, 10 de Abril de 2011,

Este fim-de-semana fui a Inglaterra conhecer o Royal Agriculture College.

Trata-se de uma Universidade de renome internacional, especializada no ensino das áreas ligadas à Agricultura, Pecuária, Cavalos, Sustentabilidade, etc…

Depois de uma viagem desgastante na sexta á noite, após uma semana de trabalho, cheguei a Londres a casa do Pedro Rocha quase às 2 da manhã.

O tempo era de descanso, pois na manhã seguinte o comboio para a Universidade era na estação de Paddington às 10.15 da manhã, e a casa do Rocha fica do outro lado da cidade.

O comboio partiu à hora certa, não estivéssemos nós em Inglaterra, onde os atrasos são considerados má educação e o funcionamento das coisas depende deste tipo de rigor.

O destino era Cirencester em Gloucestershire, uma vila a 1h e 30 minutos situada a Oeste de Londres, relativamente perto de cidades como Bristol e Bath. Trata-se do interior agrícola de Inglaterra, talvez semelhante ao Ribatejo em Portugal.

Sentia-me tranquilo, já tinha viajado algumas vezes no interior de Inglaterra, em miúdo, por estas bandas, mas desta vez claro que era diferente.

A viagem a olhar pela janela, enquanto o Rocha lia uma revista, tornou-se desde logo numa aventura… olhar para as paisagens verdes, planas e organizadas é de facto bastante diferente daquilo a que estou habituado em Lisboa ou mesmo em Portugal. O dia estava bonito mas também não foi difícil imaginar aqueles campos “rodeados” do mau tempo inglês característico desta ilha…

Na minha mente o objectivo desta viagem era claro: conhecer as instalações da escola, ouvir os professores, fazer o máximo de perguntas possíveis sobre o ensino e sobre o modo de vida, etc  etc… no meu caderno tinha 10 páginas de informação escrita mas nem ia precisar de consultar pois já sabia quase tudo de cor.

A chegada à estação de comboio foi desde logo impactante. A estação era mínima, estava vazia e a primeira porta à nossa frente dava logo para uma rua mal alcatroada. Mas eu tinha o número dos táxis pois já tinha previsto uma coisa destas. Ligamos e do outro lado disseram que demorariam 15 minutos e pediram-nos para esperarmos em frente ao Pub que estava situado a 100 metros da estação.

No caminho para o Pub a paisagem desta zona ficou mais uma vez definida e reforçada: campos verdejantes com muros de 50 cm de altura a separá-los bem como pequenos riachos atravessados por pontes românticas cheias de ervas e musgo. O cenário parecia construído por Tolkien, directamente retirado do Senhor dos Anéis, na terra dos Hobbits, o Shire.

Esperámos pelo táxi num pequeno banquinho. Ao nosso lado, numa pequena caixa da madeira, eram vendidos 6 ovos por 1 libra. Para pagar não era necessário multibanco, apenas deixar o dinheiro numa caixa que lá se encontrava trancada com um pequeno cadeado. Estas pequenas coisas são de facto sinal da confiança existente nas comunidades do campo e que também é normal ver em Portugal. Nas cidades é que definitivamente não existe.

Chegados à universidade, decorreu tudo dentro do normal e esperado. Trata-se de um terreno grande, um campus na verdadeira acepção da palavra, com um edifício central e onde são visíveis as marcas da actividade que se desenrola ali. Há atrelados de tractor no parque de estacionamento, botas cheias de lama em alguns corredores entre outros vestígios campestres que me entravam nos olhos adentro e eu nem conseguia fixar todos.

Conhecemos as instalações desportivas (campos de futebol, rugby, ténis e pavilhão), a biblioteca, os alojamentos (casa de banho, uma cama e uma mesa), a capela, as salas de aula, o refeitório, a sala comum, etc.. e uma das primeiras conclusões que ficou patente na visita foi a simplicidade das coisas. Tinha algum receio de encontrar um ambiente elitista ou mesmo aristocrático comum em algumas instituições inglesas mas o que encontrei foi de facto simplicidade, organização e funcionalidade. Não chegamos a visitar, mas existem 4 quintas em redor da faculdade onde são dadas as aulas práticas e onde se pode meter a mão na massa!

Depois foi a altura de conhecer as pessoas e os mesmos pressupostos se mantiveram no que toca à simplicidade. Fomos bem recebidos pelos professores e funcionários da escola e até havia um pequeno buffet para matar a fome pois já era meio-dia. Um professor Brasileiro responsável pelos MBA’s facilitou a integração e mencionou desde logo uma tendência após o primeiro contacto: que o meu perfil estava cada vez mais a candidatar-se para aquela instituição: advogados, gestores, contabilistas, etc… que chegam aos 30 anos e sentem necessidade, perante a conjuntura actual, de reforçar o seu know how e conhecimentos numa área crucial no futuro como é a Agricultura.

Posteriormente tinha marcada uma entrevista com o Director do Curso. Expliquei-lhe que não sabia nada desta área e que tinha um background em Gestão. Expliquei-lhe que no futuro gostava de trabalhar nesta área e desenvolver um projecto em Portugal, mas que para isso precisava de aprender os essenciais da agricultura na perspectiva do seu funcionamento, gestão do negócio e tendências futuras. Antes de se pronunciar sobre as minhas hipóteses de entrada ele disse que me queria contratar para as finanças da escola hehe mas logo a seguir disse que se eu me quisesse candidatar não deveria ter problemas em entrar.

Enfim, este foi o primeiro contacto com a realidade desta universidade… foi um choque para mim, pois vivo na cidade, já trabalho em escritórios há 7 anos e tudo aquilo é diferente do que experienciei até hoje. Mas no global, foi uma experiência bastante positiva e que veio reforçar a minha intenção de me candidatar ao próximo ano lectivo que tem inicio já em Outubro de 2011.
(Think about it!)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Experiências nutricionais com vacas - Poster presentation 28/05/2013

Hoje tenho uma das apresentações mais importantes no meu curso aqui no RAC, para o módulo Advanced Animal Production. Trata-se de um poster de cariz investigacional, que pretende explicar um avanço tecnológico na àrea da pecuária e resultados obtidos a partir do mesmo.
 
Escolhi trabalhar numa àrea que me chocou/fascinou. Para se obter um melhor conhecimento do sistema digestivo das vacas, pode-se instalar uma espécie de bolsa de borracha (ver foto abaixo) que tem acesso directo ao estômago (rumen) do animal. Desta forma pode-se observar ao vivo (sim, ao vivo!!), o que se passa no estômago do animal e permite particularmente fazer estudos sobre quais os melhores alimentos em termos de degradação de proteínas. Desta forma poderá ser possível alimentar os animais de forma mais eficiente, dando-lhes rações que não desperdiçam tantos nutrientes importantes pelas fezes ou pela urina.
 
Em termos de bem estar dos animais fiz alguma pesquisa e não existe qualquer impacto. Não existem relatos de complicações, sendo esta uma técnica usada há quase 150 anos, mas que foi evoluindo obviamente. Aliás, esta técnica foi descoberta em 1812, quando um soldado americano ferido por um florete, ficou com uma abertura no estômago e não lhe deram mais de 1 dia de vida. Ainda viveu mais 40 anos e sempre com a abertura no estômago visível. Ao que parece, não há infecções porque o estômago tem uma elevada capacidade de limpeza das mesmas!

 Segue a foto do poster que vou apresentar!
 
Think about it!
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Futebol em Portugal - emoções à flor da pele!

Adoro futebol. Aliás amo futebol.

Mas preocupa-me a situação para que caminhamos hoje em dia em termos de rivalidades clubísticas e pergunto-me o que poderá ser feito para evitar a escalada de violência fisica e de palavras a que assistimos hoje em dia.

Se hoje tivesse 7 ou 8 anos, acho que não poderia gostar do futebol da mesma maneira que gosto, pois a minha aproximação a este desporto aconteceu num outro quadro: um ambiente saudável e de puro amor pelo desporto.

Quando tinha 6 anos vi o Porto ganhar a Taça dos Campeões Europeus. Lembro-me que a taça era grande e lembro-me do capitão de equipa João Pinto que não largava o troféu por mais que os seus colegas lhe pedissem. Estávamos em 1987.

No ano antes, 1986, já exultava com a colecção de cromos da Panini do México 86, e desde então que faço todas as colecções de Europeus e Mundiais. Faltam-me alguns cromos de algumas cadernetas, mas nada que não se resolva com umas idas ao Rossio trocar cromos.

Por breves instantes, depois da vitória do Porto em 87, acho que fui adepto dos dragões, mas algumas semanas depois o meu Pai, que não suporta qualquer clube nem percebe nada de futebol, levou-me à final da taça de Portugal no Jamor entre Benfica e Sporting e os lugares eram na bancada central. Estavamos a 10 de Junho de 87. Á esquerda havia uma mancha verde. Á direita uma mancha vermelha. O Benfica ganhou 2-1 ao Sporting e para sempre fiquei do Benfica.

Nos anos seguintes da minha juventude os meus tios e primos da Covilhã aliciavam-me com pastilhas elásticas para que eu mudasse para o Sporting. E chocolates também. Uma vez a minha resposta foi "Tens ai contigo os chocolates?" Não ia mudar mas claro que queria os chocolates.

Não me lembro do Benfica ir à final da Taça dos Campeões Europeus de 88 em que o Veloso falhou o penalty, mas lembro-me da final de 90, no Prater, em que Frank Rijkard nos marcou um golo e o resultado final ficou 1-0 para o Ac Milan. Aquele Milão de Gullitt, Van Basten e Rijkard que nos maravilhou no final dos anos 80 e início dos 90. Que grande equipa liderada por outros grandes jogadores como Baresi e Maldini.

Na final do Itália 90, estava um dia quente e lembro-me de ver o Maradona a chorar. Na altura, na minha escola quando jogavamos uns com os outros diziamos que erámos o Maradona. Mas também não me esqueço do choque que tive quando se descobriu que ele consumia cocaina, uma desilusão.

Quando fui para a Escola Delfim Santos nos Altos dos Moinhos, em Lisboa corria o ano de 1991. A partir daqui a minha relação com o futebol deixou de ser apenas o ver pela televisão e fazer cadernetas de cromos.

Tinha 10 anos e queria estar mais perto do acontecimento.

A minha escola ficava a cerca de 1 kilometro do velhinho estádio da luz.

Nesta altura já comprava A Bola ou o Record com o dinheiro do almoço ou umas moedas surripiadas à minha mãe ou ao meu pai. Guardava os exemplares todos, e tempos houve em que cheguei a passá-los a ferro para não se amolgarem. Ainda guardo hoje em dia capas miticas, não só so Benfica mas de momentos de glória de Portugal, do Porto e do Sporting.

Com 10 anos já tinha passe de autocarro e ia sozinho para a escola. Na escola pública não tinhamos aulas de tarde todos os dias, por isso da primeira vez que o Casca e o Caranguejo do Bairro da Horta Nova me disseram "Bora ao Benfica?", eu nem hesitei.

O obejctivo na altura era ir apanhar pratas dos maços de cigarro e ir vendê-las ao pé do califa. Nas Segundas-Feiras a seguir aos jogos, as bancadas estavam cheias de maços vazios. Abriamos o maço vazio, tirávamos a prata que antes estava a cobrir os cigarros e iamos vender. O valor era ridiculo. Por cerca de 200 ou 300 pratas conseguiamos 100 escudos. Mas estar naquele estádio era o máximo para um puto xarila como eu.

Com o tempo continuamos a ir para lá fazer disparates e passear. Iamos para o camarote presidencial, para o museu do Benfica, saltavamos para o relvado, iamos a correr até ao meio campo e voltavamos a correr para a bancada com medo que alguém nos visse. Um dia pusemos mais de 100 torneiras a correr, tapamos os ralos e fugimos a correr. Selvagens..

Com o tempo, ir para o estádio nos tempos livres era a rotina. Para fazer disparates, ver os treinos, passear, namorar, qualquer coisa... o importante era ir para lá. O meu primeiro beijo a sério daqueles de telenovela. foi dado à Ana Rita, minha namorada da altura, num jardim que havia em frente ao pavilhão Borges Coutinho, à volta do estádio.

Em 92 inscrevi-me no ténis do Benfica. Um dia enquanto esperava por um amigo meu na porta principal do estádio da luz, com a minha raquete na mão, o Eusébio veio ter comigo e perguntou-me "Jogas ténis?" e eu respondi que sim. Ele ia só de passagem e sorriu-me, não disse mais nada... Tinha 11 anos e ele ainda parecia um jovem.

Nesta altura estava a despontar a geração de ouro do futebol português. Figo, Peixe, João Pinto, entre outros. No mundial de 91, na meia final com a Austrália, a minha mãe não me deixou ficar acordado a ver o jogo. Mas eu fiquei a janela do meu querto, porque dava para ouvir os golos. Ganhamos 1-0 com um golo espectacular do Rui Costa de fora da àrea. Na altura o Rui Costa deu uma entrevista a dizer que tinha sido o golo da vida dele. Na época seguinte ele marcou um golo semelhante ao Sporting Espinho e fora do estádio da Luz, fui falar com ele e perguntei-lhe "Rui, qual foi o golo da tua vida afinal? Este com o Espinho ou contra a Austrália?" Ele riu-se para mim e disse-me que tinha sido o da Austrália.

Em 1993 e 1994 vivi alguns dos momentos mais épicos no futebol, pelo menos no meu imaginário de criança.

Portugal jogava a qualificação para o Mundial 94 que se ia realizar nos Estados Unidos. O nosso treinador era Carlos Queirós e o nosso grupo de qualificação tinha a Suiça de Chapuisat e a Itália de Roberto Baggio que viria a estar na final.

No jogo fora com a Suiça, Portugal estagiou no estádio da luz antes de viajar. Li na Bola que o treino seria às 9 no estádio. Eram férias de páscoa ou carnaval e eu fui de bicicleta sozinho para o estádio por volta das 7.30. Queria ver os meus idolos a chegar porque o treino seria à porta fechada. Por volta das 8 chegou uma carrinha em frente ao estádio que transportava os equipamentos.

3 ou 4 responsáveis da selecção, vestidos de fatos de treino da selecção da marca Hummel, começaram a transportar tudo para o balneário até que houve um que reparou em mim de bicicleta, sozinho, em frente ao estádio, pois não estava lá mais nenhum louco, e disse-me "Miudo, queres ajudar?". Estava a sonhar! Ajudei a levar as bolas para dentro do balneário e outros sacos com chuteiras e tudo mais. Num dos momentos quando estava a arrumar as coisas começararam a entrar um por um: Vitor Baia, Figo, João Pinto, Oceano, Fernando Couto, Futre, Semedo, Paulo Sousa, Rui Àguas, Rui Barros, Jorge Costa, entre outros. Pedi autógrafos a todos.

Nesse mesmo ano, em 1993, e a jogar para a qualificação do Mundial 94, Portugal recebeu a Estónia em Novembro e precisava de ganhar por 4-0. Apenas ganhámos por 3-0 mas eu fui ao jogo no estádio da Luz. O jogo era à noite, por isso liguei aos meus pais e disse-lhes que ia ao jogo com o meu primo João. Na verdade, e com 12 anos, fui sozinho para um estádio lotado com 120.000 pessoas. Pedi a um velhote para entrar com ele, e mal entrámos fugi e arranquei escada acima para um jogo memorável. Obviamente que quando cheguei a casa fui apanhado e fiquei de castigo vários meses..

Nesta altura vibrava com o Sporting na taça uefa e fiquei devastado quando perderam com o Salzburgo no prolongamento, culpa do Costinha. Via os jogos do Porto na Champions League e exaltei quando ganharam 5-0 ao Werder Bremen fora. Na capa da Bola do dia seguinte dizia" O melhor líbero da Europa não se chama Franco Baresi, chama-se Fernando Couto e jogou ontem em Bremen. Vi o Benfica ganhar 6-3 ao Sporting de Figo, Balakov e Juskowiak com 3 golos de João Pinto. Foi o momento mais alto do meu fanatismo e que nunca mais se repetiu... um herói a remar contra tudo e contra todos.

Muitas mais histórias destas pessei nesta altura mas não vale a pena escrever mais. Com o passar dos anos, obviamente começei a ir menos para o estádio (tinha outras coisas para fazer como estudar hehe) e hoje com 31 anos já fui a grandes palcos europeus como Wembley, Camp Nou, Barnabéu, Gelsenkrichen e Old Trafford. Continuo e fazer cadernetas de cromos e gosto de analisar tácticas, equipas, estatísticas e acima de tudo vejo N jogos de 90 minutos com um simples objectivo: ver grandes golos e jogadas dos grandes mestres... o objectivo máximo do futebol. Também joguei federado vários anos Futsal e este ano até tive a minha experiência de treinador aqui no RAC.

Por toda esta forma como cresci no futebol, incomoda-me a situação que se vê hoje em Portugal e que eu próprio também contribui para ela. Já não exalto com as vitórias na Europa dos meus adversários. Já não me interessa muito ir a treinos de futebol ou viver a mistica do futebol. O que interessa são os resultados... porque GANHAR tornou-se a única forma de estar bem, tudo o resto é mau e tem que se mudar o treinador e jogadores. O futebol é agora um negócio de milhões e o amor à camisola tornou-se secundário.

Com o passar dos anos, gozar e apontar problemas é mais importante que ganhar e ver os jogos.

A situação de tensão e rivalidade que existe em Portugal é algo assustador. A raiva e agressão patentes no discurso das pessoas é algo que está atingir patamares preocupantes. Um jogo grande tem que ter 1000 polícias?? 1000???? Árbitros agredidos em centros comerciais? E se fossem os nossos pais ou tios a serem agredidos por causa do trabalho deles? Pedras em autocarros, confrontos de claques, etc são coisas que espelham a situação do futebol português dos últimos anos.

De quem é a culpa? Pinto da Costa? Do Facebook? Tretas!! A culpa é de cada um de nós que se deixa envolver em emoções estúpidas e opostas aquilo que é a verdadeira realidade do jogo. Interessa mais que os nossos adversários percam para os podermos magoar no Facebook do que ver o nosso clube a ganhar e festejar? E se agora estamos sim, como será no futuro?

É que não me parece que as coisas estejam a melhorar e não vejo responsáveis de clubes ou políticos a dar verdadeira importância ao assunto. Educação não?

Os últimos dois títulos que o Benfica ganhou, em 2005 e 2010, todos os adeptos de clubes contrários dizem que o primeiro foi devido a um lance irregular que foi falta do Luisão sobre o Ricardo e o segundo, o ano do campeonato dos túneis... em que o Hulk agrediu seguranças no estádio da luz. Este ano, quando tudo indicava que iamos ganhar de novo já se estavam a preparar para nos apontar mais coisas como o Capela ou sujinho, sujinho, etc.. Ou seja, neste momento, já nem me sinto feliz quando ganho e não dou valor quando os outros ganham e não gosto disso..

Estas coisas acontecem porque os adeptos benfiquistas fazem o mesmo quando os outros ganham... gozam e espezinham, arranjam motivos como o apito dourado e outros, não dando mérito à vitória dos outros.

Porque temos que fazer isso? Não dá para ver o jogo pelo jogo e deixar de dar desculpas? Não dá para falarmos apenas de aspectos técnicos e dos jogadores, ou mesmo que se fale sobre àrbitros, lembrar-nos que a época tem 50 jogos e cada jogo 90 minutos, e que não dá para acertar sempre... eu já fui árbitro de jogos e é muito dificil apitar!

O presidente do Benfica, que levantou o clube de uma situação bastante complicada, devia dar uma conferência de imprensa a pedir desculpa a todos os Sportinguistas e Portistas por certas atitudes que alguns adeptos tomam. Acho que ele em particular não tem contribuido para polémicas, mas como presidente devia ser a luz para guiar os adeptos em termos de valores. Não escrevam em monumentos, não comemorem antes do tempo, não chamem cabeçudo aos outros ou não mandem petardos.

Devia haver uma espécie de 10 mandamentos do adepto Benfiquista em termos de comportamento face a outras equipas.

Só assim poderemos ser respeitados: respeitando os outros.

As recentes reacções às derrotas de Benfica por parte de adeptos opostos não nasceram do nada... de certeza que nós já fizemos semelhante e portanto temos de parar de o fazer.

Concluindo, não estou satisfeito com a forma como se vive o futebol português hoje em dia. Não respeito muitas vezes os outros clubes portugueses e os outros adeptos não respeitam o meu clube.. penso que as coisas não precisam de ser assim. Como o futebol está associado a muitas emoções, esta falta de respeito passa para as amizades e para as relações entre as pessoas e isso é a parte que mais me assusta e que me faz sentir mal.

Rivalidade sim, mas com qualidade e classe.

Esta é uma visão muito pessoal das coisas, obviamente que há quem se esteja borrifando para o futebol e outros para quem a bola é tudo. Eu encontro-me no meio dos dois mas acabo como começei:

Adoro futebol. Aliás, amo futebol!

Saudações campestres,

Think about it!


 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Arrotos de vacas!


O aumento da concentração de gases de estufa na atmosfera é uma causa directa do aquecimento global. Este fenómeno, que se traduz pelo aumento das temperaturas, tende a piorar. Alguns cenários para o seculo XXI, indicam aumentos médios de temperaturas entre 1 a 6 graus, o que ira aumentar a incidência de acontecimentos extremos como secas, cheias, tempestades, fogos, erosão dos solos, etc..

Estes acontecimentos podem revelar-se catastróficos para o ambiente e para a produção de comida a nível global. Num cenário de crescimento populacional, em que se esperam cerca de 9 biliões de pessoas em 2050, e como tal a produção de comida deveria duplicar, é dificil compreender como a sociedade aceita e nao actua de modo a reduzir estas emissões.

O gas de estufa mais comum é o dióxido de carbono. Fala-se muito deste gás e no conceito de pegada ecológica, no fundo a quantidade de dióxido de carbono produzida por determinado acontecimento versus um acontecimento alternativo. Desde o século XVIII que a concentração deste gás na atmosfera aumentou 30%, sendo a principal causa a combustão de combustíveis fósseis.

Mas um dos gases de estufa mais nocivos é o metano. O metano (CH4), é responsavel por 16% do total de emissões de gases estufa na atmosfera, e destes 16%, cerca de 40% deve-se à agricultura, em particular a produção animal. Tendo em conta que o metano tem um potencial de aquecimento global 20 vezes maior que o dióxido de carbono, a situação é preocupante.

O metano é formado por duas fontes: eructação animal (arrotos) e estrume, sendo o peso de cada um deles para o total das emissões de 85% e 15%, respectivamente.

Parace que a melhor maneira de parar o aquecimento global é então impedir as vacas e as ovelhas de arrotar!

Este gás e formado no estômago dos animais ruminantes (vacas e ovelhas) através do processo de fermentação. As bactérias presentes no estômago destes animais (o rumen), actuam sobre a comida e enquanto uma das partes é transformada em ácidos gordos (usados como fonte de energia e proteinas para o animal), outra parte transforma-se em Hidrogénio (H2), que por sua vez vai ser originar metano através da acção dos organismos metanogénicos. O metano é depois lançado na atmosfera atraves do esófago pelos “arrotos” dos animais.

Nos animais monogástricos, como o porco, a galinha ou o homem, não existem tantos processos de fermentação no estômago, o que faz com que não haja tanta produção de metano. Nestes animais, a flatulência (puns), é o veículo de lançamento do metano produzido para a atmosfera.

Para se reduzir os “arrotos” das vacas é necessario minimizar a parte da comida que é transformada em hidrogénio. É preciso encontrar rações que aproveitem melhor as proteinas e a energia inserida. Estima-se que cerca de 70% das proteinas (nitrogénio) ingeridas pelos animais não são aproveitadas, saindo dos animais através da urina e das fezes. Esta é uma das principais razões porque se diz que produzir gado bovino é altamente ineficiente. A urina e as fezes voltam para os solos através da adubação, mas a verdade é que este processo também contribui para a produção de outro gás de estufa: o óxido nítrico (N2O), que tem um potencial de aquecimento global de 310 vezes mais que o dióxido de carbono!

Ja existe muita investigação a ser desenvolvida para aumentar os níveis de proteína retidos pelos animais ruminantes. O desafio agora é transmitir e motivar os agricultores para aplicarem estas medidas. Uma das medidas passa por diminuir o nível de proteínas nas rações, substituindo-as por ácidos gordos e outros aditivos como taninos. Mas será que diminuindo o nível de proteínas que damos aos animais estamos a comprometer a produção de leite e carne? O que é mais importante: o ambiente ou a produção (lucro)?

Este é um dos grandes desafios ambientais para o futuro… quando virem uma vaca a arrotar...think about it!