O aumento da concentração de gases de estufa na atmosfera é uma causa
directa do aquecimento global. Este fenómeno, que se traduz pelo aumento das
temperaturas, tende a piorar. Alguns cenários para o seculo XXI, indicam
aumentos médios de temperaturas entre 1 a 6 graus, o que ira aumentar a incidência
de acontecimentos extremos como secas, cheias, tempestades, fogos, erosão dos
solos, etc..
Estes acontecimentos podem revelar-se catastróficos para o ambiente e para
a produção de comida a nível global. Num cenário de crescimento populacional,
em que se esperam cerca de 9 biliões de pessoas em 2050, e como tal a produção
de comida deveria duplicar, é dificil compreender como a sociedade aceita e nao
actua de modo a reduzir estas emissões.
O gas de estufa mais comum é o dióxido de carbono. Fala-se muito deste gás
e no conceito de pegada ecológica, no fundo a quantidade de dióxido de carbono
produzida por determinado acontecimento versus um acontecimento alternativo.
Desde o século XVIII que a concentração deste gás na atmosfera aumentou 30%, sendo
a principal causa a combustão de combustíveis fósseis.
Mas um dos gases de estufa mais nocivos é o metano. O metano (CH4),
é responsavel por 16% do total de emissões de gases estufa na atmosfera, e destes
16%, cerca de 40% deve-se à agricultura, em particular a produção animal. Tendo
em conta que o metano tem um potencial de aquecimento global 20 vezes maior que
o dióxido de carbono, a situação é preocupante.
O metano é formado por duas fontes: eructação animal (arrotos) e estrume,
sendo o peso de cada um deles para o total das emissões de 85% e 15%,
respectivamente.
Parace que a melhor maneira de parar o aquecimento global é então impedir
as vacas e as ovelhas de arrotar!
Este gás e formado no estômago dos animais ruminantes (vacas e ovelhas)
através do processo de fermentação. As bactérias presentes no estômago destes
animais (o rumen), actuam sobre a comida e enquanto uma das partes é
transformada em ácidos gordos (usados como fonte de energia e proteinas para o
animal), outra parte transforma-se em Hidrogénio (H2), que por sua
vez vai ser originar metano através da acção dos organismos metanogénicos. O
metano é depois lançado na atmosfera atraves do esófago pelos “arrotos” dos
animais.
Nos animais monogástricos, como o porco, a galinha ou o homem, não existem
tantos processos de fermentação no estômago, o que faz com que não haja tanta
produção de metano. Nestes animais, a flatulência (puns), é o veículo de lançamento
do metano produzido para a atmosfera.
Para se reduzir os “arrotos” das vacas é necessario minimizar a parte da
comida que é transformada em hidrogénio. É preciso encontrar rações que
aproveitem melhor as proteinas e a energia inserida. Estima-se que cerca de 70%
das proteinas (nitrogénio) ingeridas pelos animais não são aproveitadas, saindo
dos animais através da urina e das fezes. Esta é uma das principais razões
porque se diz que produzir gado bovino é altamente ineficiente. A urina e as fezes
voltam para os solos através da adubação, mas a verdade é que este processo
também contribui para a produção de outro gás de estufa: o óxido nítrico (N2O),
que tem um potencial de aquecimento global de 310 vezes mais que o dióxido de
carbono!
Ja existe muita investigação a ser desenvolvida para aumentar os níveis de proteína
retidos pelos animais ruminantes. O desafio agora é transmitir e motivar os
agricultores para aplicarem estas medidas. Uma das medidas passa por diminuir o
nível de proteínas nas rações, substituindo-as por ácidos gordos e outros
aditivos como taninos. Mas será que diminuindo o nível de proteínas que damos
aos animais estamos a comprometer a produção de leite e carne? O que é mais importante:
o ambiente ou a produção (lucro)?
Este é um dos grandes desafios ambientais para o futuro… quando virem uma
vaca a arrotar...think about it!