No passado mês de Março estive cerca de duas semanas a trabalhar numa Quinta no Alentejo, na zona de Vendas Novas. Não se pode dizer que tenha sido um trabalho propriamente dito. Ao contrário de outras situações em que tive de guiar tractores ou carregar coisas, aqui estive mais a acompanhar o responsável da exploração e a ver como se fazem as coisas.
E que boa experiência foi! Que bonito é o Alentejo no fim do Inverno! Todo verdinho!
O responsável e dono da exploração, João Soares, recebeu-me de braços abertos em sua casa e respondeu-me de forma incansável a todas as minhas perguntas, muitas das quais bastante idiotas.
Mais uma vez fui alvo de grande hospitalidade e só tenho a agradecer por isso.
Foi o meu primeiro contacto com a Agricultura Portuguesa. Já estava a precisar de ter um contacto com a nossa realidade e ouvir as coisas em Português foi um alivio! Aprender tudo em Inglês é cansativo e processar a informação na minha mente na nossa lingua foi como uma esponja a absorver a informação!
Algumas coisas que dizem sobre a Agricultura Portuguesa são um mito, outras são ainda piores do que se dizem.. Duas semanas não deu para aprender tudo, mas deu para ter um primeiro contacto e para perceber como o João toma as suas decisões.
O total da exploração estava dividido em 3 propriedades, totalizando cerca de 1700 Ha.
As produções da exploração são vacas para carne, pinheiro manso, sobreiros, cereais (trigo e milho) e azevém para forragens.
Não me parece bem estar aqui a expor no blogue a estratégia, os problemas ou as vantagens competitivas da exploração do João mas foi bastante interessante perceber como são tomadas as decisões:
- Maquinaria: sub-contratar ou adquirir maquinaria nova? New Holland ou John Deere? Quantos cavalos? Quais os outros equipamentos necessários? Comprar em segunda mão?
- Sementeiras: Usar sementeira directa? Qual o impacto de diferentes técnicas de semear nos níveis de matéria orgânica do solo? Quando semear? Deve-se mobilizar os solos ou não?
- Adubações e Herbicidas: O glifosato faz mal às plantas? Quando adubar as pastagens? Em que quantidades? Com que condições metereológicas?
- Solos: Qual a importância dos solos na estratégia da quinta? Quais as vantagens do solos argilosos ou arenosos? Como incorporar e manter matéria orgânica no solo? Qual a utilidade de correcções calcáreas?
- Pessoas: Quais as dificuldades que se têm com as pessoas que trabalham na quinta? Qual o papel do veterinário na estratégia da quinta? Deverá ser um custo ou um parceiro?
- Mercados: para quem se vende? Quem oferece contratos? Como funciona o mercado de Montemor? Quem são os grande players no mercado de cereais em Portugal e como funciona?
- Estado e outros agentes: Quais são os subsidios à disposição dos agricultores? Qual o enquadramento legal e fiscal do panorama agricola português? Os bancos ajudam a agricultura em Portugal? Quanto custa um Ha de boa terra?
- Animais: Qual a importância da genética nos animais? Qual a estratégia de reprodução? Qual a estratégia de alimentação? Que raças utilizar e porquê?
- Cereais: fazer ou não fazer cereais? Como planear a irrigação? Fazer cereais para grão ou para forragens?
- Edificios: Ter edificios agricolas? Para quê? Que tipo e em que condições? Estabular os animais ou deixá-los lá fora 365 dias por ano? Qual a capacidade de armazenagem que uma quinta deve ter?
Todas estas áreas e muitas outras foram abordadas nas minhas conversas com o João e sobre elas aprendi coisas novas. Até aprendi qual é a diferença entre uma Azinheira e um Sobreiro ou entre um Pinheiro Bravo e Pinheiro Manso!
Para cada pergunta existem várias respostas, pois determinados acontecimentos podem depender de vários factores. Acima de tudo há que perceber que a agricultura não é estanque e depende de várias variáveis, que combinadas entre si de diferentes maneiras podem ter diferentes resultados.
Ou seja, não há uma fórmula de sucesso!
Percebi que apesar do que se diz, há muitas coisas boas a serem feitas em Portugal neste momento!
Há bons produtores com boas práticas que estão a contribuir para o desenvolvimento do mercado. Não é um mercado morto como muitos pensam e não há muita terra boa ao desbarato para dar e vender! Mas apesar de tudo isto há muitas oportunidades. Há tecnologias e metodologias que podem ser implementadas em Portugal e trazer vantagens competitivas a quem queira trabalhar de forma séria e responsável.
O caminho ainda é longo, mas com o interesse das novas gerações, com o apoio da sociedade e com uma grande força de vontade e profissionalismo é possivel a Portugal recuperar e modernizar as suas estruturas agrárias, aumentando os nossos níveis de auto-sustentabilidade e contribuindo para as exportações.
Força Portugal.... Think about it!!
E que boa experiência foi! Que bonito é o Alentejo no fim do Inverno! Todo verdinho!
O responsável e dono da exploração, João Soares, recebeu-me de braços abertos em sua casa e respondeu-me de forma incansável a todas as minhas perguntas, muitas das quais bastante idiotas.
Mais uma vez fui alvo de grande hospitalidade e só tenho a agradecer por isso.
Foi o meu primeiro contacto com a Agricultura Portuguesa. Já estava a precisar de ter um contacto com a nossa realidade e ouvir as coisas em Português foi um alivio! Aprender tudo em Inglês é cansativo e processar a informação na minha mente na nossa lingua foi como uma esponja a absorver a informação!
Algumas coisas que dizem sobre a Agricultura Portuguesa são um mito, outras são ainda piores do que se dizem.. Duas semanas não deu para aprender tudo, mas deu para ter um primeiro contacto e para perceber como o João toma as suas decisões.
O total da exploração estava dividido em 3 propriedades, totalizando cerca de 1700 Ha.
As produções da exploração são vacas para carne, pinheiro manso, sobreiros, cereais (trigo e milho) e azevém para forragens.
Não me parece bem estar aqui a expor no blogue a estratégia, os problemas ou as vantagens competitivas da exploração do João mas foi bastante interessante perceber como são tomadas as decisões:
- Maquinaria: sub-contratar ou adquirir maquinaria nova? New Holland ou John Deere? Quantos cavalos? Quais os outros equipamentos necessários? Comprar em segunda mão?
- Sementeiras: Usar sementeira directa? Qual o impacto de diferentes técnicas de semear nos níveis de matéria orgânica do solo? Quando semear? Deve-se mobilizar os solos ou não?
- Adubações e Herbicidas: O glifosato faz mal às plantas? Quando adubar as pastagens? Em que quantidades? Com que condições metereológicas?
- Solos: Qual a importância dos solos na estratégia da quinta? Quais as vantagens do solos argilosos ou arenosos? Como incorporar e manter matéria orgânica no solo? Qual a utilidade de correcções calcáreas?
- Pessoas: Quais as dificuldades que se têm com as pessoas que trabalham na quinta? Qual o papel do veterinário na estratégia da quinta? Deverá ser um custo ou um parceiro?
- Mercados: para quem se vende? Quem oferece contratos? Como funciona o mercado de Montemor? Quem são os grande players no mercado de cereais em Portugal e como funciona?
- Estado e outros agentes: Quais são os subsidios à disposição dos agricultores? Qual o enquadramento legal e fiscal do panorama agricola português? Os bancos ajudam a agricultura em Portugal? Quanto custa um Ha de boa terra?
- Animais: Qual a importância da genética nos animais? Qual a estratégia de reprodução? Qual a estratégia de alimentação? Que raças utilizar e porquê?
- Cereais: fazer ou não fazer cereais? Como planear a irrigação? Fazer cereais para grão ou para forragens?
- Edificios: Ter edificios agricolas? Para quê? Que tipo e em que condições? Estabular os animais ou deixá-los lá fora 365 dias por ano? Qual a capacidade de armazenagem que uma quinta deve ter?
Todas estas áreas e muitas outras foram abordadas nas minhas conversas com o João e sobre elas aprendi coisas novas. Até aprendi qual é a diferença entre uma Azinheira e um Sobreiro ou entre um Pinheiro Bravo e Pinheiro Manso!
Para cada pergunta existem várias respostas, pois determinados acontecimentos podem depender de vários factores. Acima de tudo há que perceber que a agricultura não é estanque e depende de várias variáveis, que combinadas entre si de diferentes maneiras podem ter diferentes resultados.
Ou seja, não há uma fórmula de sucesso!
Percebi que apesar do que se diz, há muitas coisas boas a serem feitas em Portugal neste momento!
Há bons produtores com boas práticas que estão a contribuir para o desenvolvimento do mercado. Não é um mercado morto como muitos pensam e não há muita terra boa ao desbarato para dar e vender! Mas apesar de tudo isto há muitas oportunidades. Há tecnologias e metodologias que podem ser implementadas em Portugal e trazer vantagens competitivas a quem queira trabalhar de forma séria e responsável.
O caminho ainda é longo, mas com o interesse das novas gerações, com o apoio da sociedade e com uma grande força de vontade e profissionalismo é possivel a Portugal recuperar e modernizar as suas estruturas agrárias, aumentando os nossos níveis de auto-sustentabilidade e contribuindo para as exportações.
Força Portugal.... Think about it!!
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