(Texto escrito há dois anos antes de vir para o RAC)
Trata-se de uma Universidade de renome internacional, especializada no ensino das áreas ligadas à Agricultura, Pecuária, Cavalos, Sustentabilidade, etc…
Depois de uma
viagem desgastante na sexta á noite, após uma semana de trabalho, cheguei a
Londres a casa do Pedro Rocha quase às 2 da manhã.
O tempo era de
descanso, pois na manhã seguinte o comboio para a Universidade era na estação
de Paddington às 10.15 da manhã, e a casa do Rocha fica do outro lado da
cidade.
O comboio partiu à
hora certa, não estivéssemos nós em Inglaterra, onde os atrasos são
considerados má educação e o funcionamento das coisas depende deste tipo de
rigor.
O destino era
Cirencester em Gloucestershire, uma vila a 1h e 30 minutos situada a Oeste de
Londres, relativamente perto de cidades como Bristol e Bath. Trata-se do
interior agrícola de Inglaterra, talvez semelhante ao Ribatejo em Portugal.
Sentia-me
tranquilo, já tinha viajado algumas vezes no interior de Inglaterra, em miúdo,
por estas bandas, mas desta vez claro que era diferente.
A viagem a olhar
pela janela, enquanto o Rocha lia uma revista, tornou-se desde logo numa
aventura… olhar para as paisagens verdes, planas e organizadas é de facto
bastante diferente daquilo a que estou habituado em Lisboa ou mesmo em
Portugal. O dia estava bonito mas também não foi difícil imaginar aqueles
campos “rodeados” do mau tempo inglês característico desta ilha…
Na minha mente o
objectivo desta viagem era claro: conhecer as instalações da escola, ouvir os
professores, fazer o máximo de perguntas possíveis sobre o ensino e sobre o
modo de vida, etc etc… no meu caderno
tinha 10 páginas de informação escrita mas nem ia precisar de consultar pois já
sabia quase tudo de cor.
A chegada à estação
de comboio foi desde logo impactante. A estação era mínima, estava vazia e a
primeira porta à nossa frente dava logo para uma rua mal alcatroada. Mas eu
tinha o número dos táxis pois já tinha previsto uma coisa destas. Ligamos e do
outro lado disseram que demorariam 15 minutos e pediram-nos para esperarmos em
frente ao Pub que estava situado a 100 metros da estação.
No caminho para o
Pub a paisagem desta zona ficou mais uma vez definida e reforçada: campos
verdejantes com muros de 50 cm de altura a separá-los bem como pequenos riachos
atravessados por pontes românticas cheias de ervas e musgo. O cenário parecia
construído por Tolkien, directamente retirado do Senhor dos Anéis, na terra dos
Hobbits, o Shire.
Esperámos pelo táxi
num pequeno banquinho. Ao nosso lado, numa pequena caixa da madeira, eram
vendidos 6 ovos por 1 libra. Para pagar não era necessário multibanco, apenas
deixar o dinheiro numa caixa que lá se encontrava trancada com um pequeno
cadeado. Estas pequenas coisas são de facto sinal da confiança existente nas
comunidades do campo e que também é normal ver em Portugal. Nas cidades é que
definitivamente não existe.
Chegados à
universidade, decorreu tudo dentro do normal e esperado. Trata-se de um terreno
grande, um campus na verdadeira acepção da palavra, com um edifício central e
onde são visíveis as marcas da actividade que se desenrola ali. Há atrelados de
tractor no parque de estacionamento, botas cheias de lama em alguns corredores
entre outros vestígios campestres que me entravam nos olhos adentro e eu nem
conseguia fixar todos.
Conhecemos as
instalações desportivas (campos de futebol, rugby, ténis e pavilhão), a
biblioteca, os alojamentos (casa de banho, uma cama e uma mesa), a capela, as
salas de aula, o refeitório, a sala comum, etc.. e uma das primeiras conclusões
que ficou patente na visita foi a simplicidade das coisas. Tinha algum receio
de encontrar um ambiente elitista ou mesmo aristocrático comum em algumas
instituições inglesas mas o que encontrei foi de facto simplicidade,
organização e funcionalidade. Não chegamos a visitar, mas existem 4 quintas em
redor da faculdade onde são dadas as aulas práticas e onde se pode meter a mão
na massa!
Depois foi a altura
de conhecer as pessoas e os mesmos pressupostos se mantiveram no que toca à
simplicidade. Fomos bem recebidos pelos professores e funcionários da escola e
até havia um pequeno buffet para matar a fome pois já era meio-dia. Um
professor Brasileiro responsável pelos MBA’s facilitou a integração e mencionou
desde logo uma tendência após o primeiro contacto: que o meu perfil estava cada
vez mais a candidatar-se para aquela instituição: advogados, gestores,
contabilistas, etc… que chegam aos 30 anos e sentem necessidade, perante a
conjuntura actual, de reforçar o seu know how e conhecimentos numa área crucial
no futuro como é a Agricultura.
Posteriormente
tinha marcada uma entrevista com o Director do Curso. Expliquei-lhe que não
sabia nada desta área e que tinha um background em Gestão. Expliquei-lhe que no
futuro gostava de trabalhar nesta área e desenvolver um projecto em Portugal, mas
que para isso precisava de aprender os essenciais da agricultura na perspectiva
do seu funcionamento, gestão do negócio e tendências futuras. Antes de se
pronunciar sobre as minhas hipóteses de entrada ele disse que me queria
contratar para as finanças da escola hehe mas logo a seguir disse que se eu me
quisesse candidatar não deveria ter problemas em entrar.
Enfim, este foi o
primeiro contacto com a realidade desta universidade… foi um choque para mim,
pois vivo na cidade, já trabalho em escritórios há 7 anos e tudo aquilo é
diferente do que experienciei até hoje. Mas no global, foi uma experiência
bastante positiva e que veio reforçar a minha intenção de me candidatar ao
próximo ano lectivo que tem inicio já em Outubro de 2011.
Lisboa, 10 de Abril de 2011,
Este fim-de-semana
fui a Inglaterra conhecer o Royal Agriculture College.
Trata-se de uma Universidade de renome internacional, especializada no ensino das áreas ligadas à Agricultura, Pecuária, Cavalos, Sustentabilidade, etc…
(Think about it!)