domingo, 2 de junho de 2013

10 de Abril de 2011 - The beginning. 2 de Junho de 2013 - The End.

(Texto escrito há  dois anos antes de vir para o RAC)

Lisboa, 10 de Abril de 2011,

Este fim-de-semana fui a Inglaterra conhecer o Royal Agriculture College.

Trata-se de uma Universidade de renome internacional, especializada no ensino das áreas ligadas à Agricultura, Pecuária, Cavalos, Sustentabilidade, etc…

Depois de uma viagem desgastante na sexta á noite, após uma semana de trabalho, cheguei a Londres a casa do Pedro Rocha quase às 2 da manhã.

O tempo era de descanso, pois na manhã seguinte o comboio para a Universidade era na estação de Paddington às 10.15 da manhã, e a casa do Rocha fica do outro lado da cidade.

O comboio partiu à hora certa, não estivéssemos nós em Inglaterra, onde os atrasos são considerados má educação e o funcionamento das coisas depende deste tipo de rigor.

O destino era Cirencester em Gloucestershire, uma vila a 1h e 30 minutos situada a Oeste de Londres, relativamente perto de cidades como Bristol e Bath. Trata-se do interior agrícola de Inglaterra, talvez semelhante ao Ribatejo em Portugal.

Sentia-me tranquilo, já tinha viajado algumas vezes no interior de Inglaterra, em miúdo, por estas bandas, mas desta vez claro que era diferente.

A viagem a olhar pela janela, enquanto o Rocha lia uma revista, tornou-se desde logo numa aventura… olhar para as paisagens verdes, planas e organizadas é de facto bastante diferente daquilo a que estou habituado em Lisboa ou mesmo em Portugal. O dia estava bonito mas também não foi difícil imaginar aqueles campos “rodeados” do mau tempo inglês característico desta ilha…

Na minha mente o objectivo desta viagem era claro: conhecer as instalações da escola, ouvir os professores, fazer o máximo de perguntas possíveis sobre o ensino e sobre o modo de vida, etc  etc… no meu caderno tinha 10 páginas de informação escrita mas nem ia precisar de consultar pois já sabia quase tudo de cor.

A chegada à estação de comboio foi desde logo impactante. A estação era mínima, estava vazia e a primeira porta à nossa frente dava logo para uma rua mal alcatroada. Mas eu tinha o número dos táxis pois já tinha previsto uma coisa destas. Ligamos e do outro lado disseram que demorariam 15 minutos e pediram-nos para esperarmos em frente ao Pub que estava situado a 100 metros da estação.

No caminho para o Pub a paisagem desta zona ficou mais uma vez definida e reforçada: campos verdejantes com muros de 50 cm de altura a separá-los bem como pequenos riachos atravessados por pontes românticas cheias de ervas e musgo. O cenário parecia construído por Tolkien, directamente retirado do Senhor dos Anéis, na terra dos Hobbits, o Shire.

Esperámos pelo táxi num pequeno banquinho. Ao nosso lado, numa pequena caixa da madeira, eram vendidos 6 ovos por 1 libra. Para pagar não era necessário multibanco, apenas deixar o dinheiro numa caixa que lá se encontrava trancada com um pequeno cadeado. Estas pequenas coisas são de facto sinal da confiança existente nas comunidades do campo e que também é normal ver em Portugal. Nas cidades é que definitivamente não existe.

Chegados à universidade, decorreu tudo dentro do normal e esperado. Trata-se de um terreno grande, um campus na verdadeira acepção da palavra, com um edifício central e onde são visíveis as marcas da actividade que se desenrola ali. Há atrelados de tractor no parque de estacionamento, botas cheias de lama em alguns corredores entre outros vestígios campestres que me entravam nos olhos adentro e eu nem conseguia fixar todos.

Conhecemos as instalações desportivas (campos de futebol, rugby, ténis e pavilhão), a biblioteca, os alojamentos (casa de banho, uma cama e uma mesa), a capela, as salas de aula, o refeitório, a sala comum, etc.. e uma das primeiras conclusões que ficou patente na visita foi a simplicidade das coisas. Tinha algum receio de encontrar um ambiente elitista ou mesmo aristocrático comum em algumas instituições inglesas mas o que encontrei foi de facto simplicidade, organização e funcionalidade. Não chegamos a visitar, mas existem 4 quintas em redor da faculdade onde são dadas as aulas práticas e onde se pode meter a mão na massa!

Depois foi a altura de conhecer as pessoas e os mesmos pressupostos se mantiveram no que toca à simplicidade. Fomos bem recebidos pelos professores e funcionários da escola e até havia um pequeno buffet para matar a fome pois já era meio-dia. Um professor Brasileiro responsável pelos MBA’s facilitou a integração e mencionou desde logo uma tendência após o primeiro contacto: que o meu perfil estava cada vez mais a candidatar-se para aquela instituição: advogados, gestores, contabilistas, etc… que chegam aos 30 anos e sentem necessidade, perante a conjuntura actual, de reforçar o seu know how e conhecimentos numa área crucial no futuro como é a Agricultura.

Posteriormente tinha marcada uma entrevista com o Director do Curso. Expliquei-lhe que não sabia nada desta área e que tinha um background em Gestão. Expliquei-lhe que no futuro gostava de trabalhar nesta área e desenvolver um projecto em Portugal, mas que para isso precisava de aprender os essenciais da agricultura na perspectiva do seu funcionamento, gestão do negócio e tendências futuras. Antes de se pronunciar sobre as minhas hipóteses de entrada ele disse que me queria contratar para as finanças da escola hehe mas logo a seguir disse que se eu me quisesse candidatar não deveria ter problemas em entrar.

Enfim, este foi o primeiro contacto com a realidade desta universidade… foi um choque para mim, pois vivo na cidade, já trabalho em escritórios há 7 anos e tudo aquilo é diferente do que experienciei até hoje. Mas no global, foi uma experiência bastante positiva e que veio reforçar a minha intenção de me candidatar ao próximo ano lectivo que tem inicio já em Outubro de 2011.
(Think about it!)

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