quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Chile com carne!

Mal-me-quer, Bem-me-quer, assim foi o Chile.

No escudo governamental Chileno vem escrito "Con la razon o con la forza." (Com razão ou pela força!). Esta frase é uma boa introdução sobre o espírito do pais. Ou vai ou racha!! 

É um país peculiar tal como a Argentina o tinha sido. Os heróis nacionais são Salvador Allende e  Pablo Neruda. A geografia é estranha e única no mundo. 6000 kms de altura e apenas 175 kms de comprimento! O pais tem muitos recursos, principalmente agrícolas (fruta e vinho) e minérios. A maior mina de cobre do mundo fica no norte do Chile. E quem não se lembra da recente história dos 60 mineiros resgatados através de uma cápsula mínima? A costa do pais é banhada pelo oceano pacífico. Nunca o tinha visto e é grande, azul e lindo, o oposto da piscina dos Olivais. Quando se sobe para norte temos os Andes sempre a acompanhar-nos a Este. Que lindos e altos são, sempre com os seus picos cobertos de neve.

O pais tem um total de 17 milhões de pessoas. A capital Santiago, contando com os subúrbios, tem 5 milhões. Tal como a Argentina existe uma grande concentração de pessoas na capital. Porquê? Porque é aqui que está o dinheiro, trabalho, comida e água. As outras cidades referência são Valparaiso e Concepcion.

A arte urbana está em todo o lado. Centenas de desenhos e grafittis nas paredes cheios de cores e mensagem. Valparaiso é uma das capitais mundiais do street art.

O Chile tem qualquer coisa de Portugal. A luz solar é parecida. O tipo de vento é parecido. Valparaiso faz lembrar Lisboa e a estrada que vai desde esta cidade para Vina del Mar parece a marginal que vai até Cascais. A arquitectura também é semelhante mas o mais parecido são mesmo as pessoas.

Ou são as mais amáveis do mundo ou são as maiores bestas! Se vêm que alguém necessita mesmo delas as pessoas são antipáticas. Aconteceu-nos em restaurantes, em hostels  e noutros locais. Pessoas que estão acomodadas no seu posto de trabalho e como estão a ter um mau dia prestam um péssimo serviço. Mas por outro lado também encontramos gente super prestável e simpática. A quinta onde ficamos em Bulnes foi exemplo disso. O Andres, pai do Juan Pablo Chaparro, meu amigo do RAC, recebeu-nos como reis e deu-nos boa comida, cama e roupa lavada para além de nos ter mostrado toda a quinta com muita amabilidade, obrigado por tudo.

A natureza é mais uma vez avassaladora. Aqui em São Pedro de Atacama é tudo árido e as cores no céu à noite são vermelhas e cor de laranjas. A vir do Sul passamos por centenas de kilómetros de vinhedos e pomares. As montanhas estão sempre presentes. A vida selvagem é constituída por muitos tipos de pássaros desde pelicanos a condores, passando por albatrozes. Mas aquilo que mais gostei foram os lobos marinhos. Em Valdivia quando voltávamos de um bar, demos de caras com um bando deles à beira mar. Foi engraçado interagir com eles e conhecer o Pancho, o lobo marinho renegado pelas fêmeas e que anda sempre sozinho, um pouco como o João Soares. 

Nas ruas há juventude, mercados e lixo. Com a greve geral que tem assolado o pais nestes dias, a recolha de lixo deixou de se processar e há muita porcaria nas ruas, um espectáculo dos tempos modernos e um aviso para o futuro... Nas ruas das principais cidades há muita gente e juventude. Impressionou-me uma aula de zumba que vimos no meio de Valdivia com gente de todas as idades a partir a loiça literalmente! No centro de Santiago andamos pelas ruas pedestres cheias de árvores e raios de sol e era bom estar ali... Em várias avenidas há pianos que as pessoas podem tocar se quiserem. Várias pessoas como nós reúnem-se à volta para ouvir. Tanto em Santiago como Valparaiso fomos a mercados de fruta, marisco, carne, meias, roupa, livros, antiguidades, etc.. Tudo cheio de cores e vida, excelente para dar passeios. 

Sobre a história do pais não me vou alongar muito. Mas vale a pena pesquisarem, se quiserem, a história da independência em relação a Espanha, a história de Salvador Allende, o golpe de estado de Pinochet e a história de Pablo Neruda. Tudo referências muito fortes e que vale a pena ler. 

No grupo tudo continua bem. O roubo da mala do Jiggie em Santiago podia ter fragilizado as coisas mas teve o condão de fortalecer. Ele desviou o olhar da mala por apenas 5 segundos, o suficiente para um cobarde pegar na mala e se enfiar num taxi e fugir. Mas tudo foi resolvido: já tem uma mochila nova, eu dei lhe a roupa que pude e fomos à embaixada buscar um passaporte temporário que foi logo emitido. Tudo resolvido com muita cabeça, o que pode ser difícil de manter quando se anda na estrada há dois meses!

Às vezes estamos cansados porque as condições não são as melhores. Mas é só fisicamente. 

Na nossa mente e espírito estamos motivados e muito felizes. Sabemos a sorte que temos em estar a fazer esta viagem e viver estas experiências. Todos os dias agradeço esta oportunidade e tento aproveitar o máximo. 

Amanhã passamos para a Bolívia e começamos logo com uma excursão de 3 dias no Salar do Yuni. Diz que é bonito.

Think about it!


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