quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A criação da Sociedade Agrícola Queirós.

Ninguém sabe explicar porquê. Talvez seja porque fomos feitos para isto. Talvez a finalidade do ser humano seja criar. Uns criam filhos. Uns criam espaços. Uns criam objectos. Até há uns, cuja especialidade, é criar problemas.

Eu aqui ando há algumas semanas a criar uma empresa e um projecto agrícola. Na verdade o projecto já começou há cerca de dois anos e meio, mas só agora começa a tomar as suas primeiras formas.

Ninguém sabe explicar porquê. O processo de criação e entrega a qualquer coisa é, sem dúvida, das melhores coisas que podemos ter na vida. A responsabilidade de fazer nascer algo e tratarmos dela desde os primeiros passos até à maturidade. Saber que podemos aproveitar um conjunto de circunstâncias, conhecimentos, saberes, experiências de vida, redes de contactos para desenvolver algo. Sentir o medo e a adrenalina ao mesmo tempo. Ganhar noções de risco. Atirarmo-nos para a piscina, tentando obviamente que ela tenha o máximo de água possivel!

É preciso ter uma visão. Um sonho. Olhar para o futuro e projectar algo. Imaginar qualquer coisa. Fazer cenários. E depois implementá-los com um grande jogo de cintura. As circunstância podem mudar e temos que nos adaptar a elas.

A minha maior dificuldade na criação deste projecto agrícola, que ainda está nos seus primeiros passos, ou seja numa fase muito embrionária, é a gestão de expectativas. À medida que vou compreendendo os modelos de negócio das várias àreas agrícolas e percebendo como as coisas funcionam, tenho a tendência para projectar na minha cabeça coisas grandes para o futuro.

Sendo uma àrea com muitas oportunidades em Portugal e onde os custos do capital ainda são baixos comparativamente a outros países, facilmente caio na armadilha de pensar em ter muita terra, muita produção, marcas associadas, mudar o mundo!!

Mas pronto, rapidamente volto a colocar os pés na terra... Há que ter humildade quando se entra numa área nova. Como ouvi dizer no outro dia, a agricultura está na moda. Muitas pessoas não se apercebem que é das àreas mais técnicas, cientificas e dificeis para trabalhar. Se queremos ser competitivos na agricultura é preciso muito trabalho e conhecimento. Também são necessários grandes quantidades de capital para entrar neste àrea, coisa que não disponho. Por isso aquilo que pretendo montar é apenas uma pequena unidade produtiva, desenvolvê-la e ver, com o tempo, onde o caminho leva.

Defini alguns objectivos para entrar nesta àrea: desenvolver o país, inovar, interagir com a natureza, sair da azafama da cidade e ter um retorno sobre os capitais investidos. Não pretendo ficar rico com a agricultura mas também não há necessidade de perder dinheiro!

Defini 21 passos para a criação deste projecto. Alguns mais técnicos, outros mais conceptuais. Mas é o caminho que foi escolhido.

Uma das boas notícias sobre a criação deste projecto recebi-a ontem à noite: o certificado de admissibilidade da "Sociedade Agrícola Queirós, Unipessoal, Lda" já foi emitido. A empresa já existe. Falta assinar o contrato de sociedade e o pacto social mas as coisas começam a tomar forma!

A small step for man, a giant leap for mankind :-)

Aqui ficam os 21 passos, descritos de forma generalizada... think about it!!

1- Estudo da legislação aplicável ao sector agrícola, nomeadamente os apoios ao jovem agricultor.

2- Ter assegurado o financiamento para iniciar a actividade, atenção a custos inesperados, garantir o fundo de maneio até ao surgimento de receitas.

3- Estudo das diversas actividades agrícolas, pecuárias e florestais.

4- Estabelecimento de uma rede de contactos com agricultores + experientes, cuidado com os velhos do restelo.

5- Escolha do local de instalação: terra (solos, condições climatéricas, água, biodiversidade, acessos, mercados, etc..)

6- Estudo do mercado seleccionado: procura, oferta, preços, importações, exportações, etc..

7- Descrição do processo técnico de forma detalhada e rigorosa (ex: cereais desde a semente até ao comprador).

8- Atribuir um valor de mercado a cada uma das actividades descritas no ponto 7. Plano de vendas e custos para 10 anos. Incluir análises de sensibilidade.

9- Outsourcing de serviços vs compra de maquinaria própria.

10- Verificar disponibilidade de mão-de-obra nas região escolhida.

11- Arranjar empresa de contabilidade agrícola.

12- Criação de sociedade de suporte ao negócio. Sociedade Agrícola Queirós.

13- Abrir conta em nome da sociedade.

14- Assegurar serviços jurídicos.

15- Telemovel, via verde, seguros.

16- Viatura de trabalho. Perceber as necessidades do dia-a-dia bem como custos (portagens, consumos, imposto sobre veiculos, etc..)

17- Passar à implementação do projecto. Prioridade às coisas mais imediatas.

18- Construir mapas de controlo internos.

19- Planear com rigor a sequência de execução/pagamento/reembolso no caso dos subsídios agrícolas.

20- Ser um membro activo de instituições agrícolas, cooperativas e na comunidade local. Ter relações cordiais com colegas de profissão, clientes e fornecedores.

21- PRUDÊNCIA NOS GASTOS!


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