quinta-feira, 27 de julho de 2017

Olé Espanha Olé!!

Na quarta-feira passada, dia 19 de Julho de 2017, pelas 20 horas, eu e a Ghazal apanhámos o metro na Praça de Espanha, em direção à estação de Santa Apolónia. O cenário era perfeito: uma cerveja Sagres bem gelada nas mãos, e cada um com uma mochila às costas, carregada de roupas várias e expectativas. 

Desde logo ficou claro que, devido ao peso, iria ser eu a carregar a mochila da Ghazal e ela a minha. Será que ela chegou a perceber que íamos passar 6 semanas fora e não 6 anos? Ainda estamos a tentar aperfeiçoar a nossa comunicação.



No bolso detrás das calças, duas folhas A4 dobradas com bilhetes impressos para o comboio noturno de Madrid. Haverá alguma sensação melhor que esta de ir em viagem? Para mim certamente que não. A emoção de partir pacifica-me as ideias. Toda a vida senti a minha mente em rebelião e julgo que isso nunca irá mudar. Mas as viagens distraem-me e acalmam-me o espírito, colocando em espera o destino e as coisas que tenho para fazer em Portugal.

Depois de 5 casamentos em 3 países diferentes (sempre com a mesma mulher!!), muitos preparativos, muitas festas, muitas obrigações familiares e burocracias em embaixadas, chegara a altura de gozarmos a nossa merecida lua-de-mel. Iniciar uma nova fase de vida, passar tempo de qualidade juntos e acima de tudo desfrutar da cultura e gastronomia do velho continente.

E a primeira semana de lua-de-mel com a minha Princesa da Pérsia, (e em breve Rainha de Portugal), Ghazal Vaziri, não podia ter corrido melhor! Escolhemos a vizinha Espanha para iniciar a viagem, e até eu, que já vim ao país de nuestros hermanos mais de 20 vezes, fiquei surpreendido e admirado com tanta beleza e diversidade!

Sim, é verdade que Espanha tem muitos problemas e está cheia de Espanhóis, mas coitados... eles não têm culpa de viver num país tão bonito, tão rico e tão cheio de história e tradições. Eles não têm culpa de pensar e sonhar em grande tudo o que fazem. Eles não têm culpa de ter sangue na guelra e de sentir as coisas como poucos sentem. Eles não têm culpa de viver num país tão diverso e com tantas regiões, onde podemos encontrar praias com águas cristalinas, montanhas com picos nevados, ilhas paradisíacas, catedrais imponentes, museus de cortar a respiração e uma gastronomia de sonho. Coitados... 

Na chegada a Madrid ficamos hospedados num hotel junto à Plaza Mayor. Conheço a cidade como a palma da minha mão e queria mostrá-la à minha mulher com pompa e orgulho. Em 2002, tinha estado na capital espanhola, durante dois meses, para um estágio de verão numa empresa multinacional e fiquei a conhecer melhor a cidade. Um período bastante solitário da minha vida. Tinha 21 anos e lutava para acrescentar uma linha ao meu curriculum vitae.



Visitamos as várias artérias da cidade e percebemos que é uma cidade segmentada: os ricos na Velasquez, os turistas em Sol e os gays em Chuenca. Contemplamos a Guernica no Centro de Arte Rainha Sofia e fizemos um piquenique com queijo e presunto na relva do parque do Retiro, o pulmão da cidade. Visitamos o estádio Santiago Barnabéu, e conseguimos fazer um tour em que pisámos a relva e segurámos na taça da Liga dos Campeões. Tudo porque a Ghazal quis claro, o que seria uma lua-de-mel sem visitar a casa do Real Madrid? Comemos tapas no Mercado San Miguel e percorremos o Rastro no domingo de manhã, o mercado de roupas e velharias na zona sul da cidade.






Em seguida apanhamos novo comboio para Barcelona e a situação mudou completamente! Uma cidade mais intensa, com mais vida e ao mesmo tempo mais desorganizada e desordenada. Já foi a terceira vez que vim a esta cidade e pela terceira vez não a consegui compreender. Tenho a sensação de estar sempre a perder algo. Sempre que estou num sítio, sinto que devia estar noutro. Estamos sempre a viver intensamente mas para conseguir absorver tudo era preciso dividir o corpo e estar em 20 sítios ao mesmo tempo.

Percorremos com afinco as Ramblas e os épicos bairros Gótico, Raval e El Born. Visitamos a Catedral de Barcelona, a casa louca de Gaudi, o espetacular Parc Guell e as obras intermináveis da Sagrada Família. A influência da arquitetura e do génio de Gaudi está por toda a cidade. O que era Barcelona antes desde senhor existir? Bebemos cervejas no parque Citadela, jantamos em Barceloneta e vimos as pessoas a dançar swing em plena rua, tal qual como os argentinos dançam Tango nas praças de Buenos Aires. Dançamos na discoteca Jamboree e assistimos a um espectáculo do Festival Grec (todos os anos em Julho em Barcelona), no Mercat das Flores. Visitamos pasmados o mercado da Boqueria e as suas magníficas bancas cheias de produtos frescos!







Uma cidade resplandecente e com muito para dar. Mas tal como no futebol, eu e a Ghazal perguntamo-nos a nós próprios várias vezes, qual é melhor: Madrid ou Barcelona?

Seja qual for a resposta, são duas cidades maravilhosas e acima de tudo livres. Há cultura por todo o lado, excelentes redes de transportes, zonas verdes, segurança e muito mais aspetos que fazem destas cidades verdadeiras metrópoles do passado, presente e futuro.

Mas como já estávamos cansados de cidades, decidimos alugar um carro e ir explorar a Costa Brava. A linha de água a norte de Barcelona, com as suas estradas rochosas à beira de cliffs encarpados e paisagens marítimas, em direção à França. Queríamos banhar-nos nas águas transparentes e quentes do Mediterrâneo e conhecer este lado de Espanha. Passamos pela linda Girona, com os seus prédios à beira rio a fazer lembrar uma vila italiana, ruas estreitas com música e bares de vinho, e ainda a imponente basílica onde tem sido filmada série a Guerra dos Tronos. Girona foi uma agradável surpresa!





E o melhor estava guardado para o fim. Assentamos arraiais em Cadaques, vila tipicamente mediterrânea onde se passam os dias na praia, a comer peixe e beber vinho, e onde o grande pintor Salvador Dali morou mais de 50 anos com a sua amada Gala. Visitar o seu estúdio e casa em Portlligat é obrigatório e essencial para compreender a obra do artista.




O mestre do surrealismo foi ampliando a sua casa ao longo das décadas e criando labirintos apinhados de objetos únicos, artefactos macabros (como uma estátua de um urso polar), e um estúdio onde possuía um cavalete amovível para poder pintar sentado e onde ainda se encontram dois quadros por terminar. 




Dali morreu em 1989 mas há umas semanas o seu corpo foi exumado para recolher provas de ADN. O senhor nunca teve filhos mas há uma senhora que diz que ele é seu pai! A ver vamos se é verdade, para já a grande notícia é que 28 depois da sua morte e quando recolheram o seu corpo, o bigode ainda estava intato! Mistérios da natureza...



Obrigado por estes 9 dias Espanha! Olé!

Até já França!

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