quinta-feira, 10 de maio de 2012

Animais que falam!

Os animais que habitualmente encontramos nas quintas são de facto engraçados e geram em nós sentimentos de ternura e de regresso à infância. Produtividade e empresas à parte, quem não gosta de ver as vacas pachorrentas a pastar nos campos, as ovelhas aos saltos ou os porcos a escavar raízes e a rebolar na lama?
Temos também patos, cavalos, galinhas, coelhos, veados, javalis, etc todo um conjunto de personagens, cada qual com as suas manias e características.
Muitos destes animais já são inclusivamente estrelas de Hollywood! Quem não se lembra de Um Porquinho Chamado Babe, ou de filmes em que estas espécies falam entre si, quando os humanos não estão presentes? Será que isto acontece mesmo? Será que eles comunicam entre eles e combinam estratégias e resolvem problemas? Como os brinquedos no filme Toy Story?
Eu gosto de imaginar que sim. Que apesar de os sujeitarmos à vontade humana ainda há um espaço só deles em que os humanos não conseguem entrar. Não é como acreditar no Pai Natal, é apenas achar que eles interagem de forma independente à sua maneira, e que os humanos não conseguem lá chegar!
Aqui nas quintas do colégio, há registo de algumas histórias interessantes. Desde vacas que dão mais leite quando ouvem música clássica até uma história de porcos verdadeiramente inacreditável. Uma das técnicas mais comuns de alimentar porcos de forma automática é colocar-lhes umas coleiras electrónicas à volta do pescoço. Consoante a cor, os porcos passam na zona de alimentação, e a respectiva ração cai. Ora, estes senhores descobriram, que a coleira azul dava mais comida durante o dia, e então começaram a trocar as coleiras entre si!! Fantástico!!
Obviamente que estou a fantasiar um pouco em relação à verdadeira inteligência destes animais. Parece estar tudo muito mais relacionado com uma questão de estímulos. Uma questão de prémio ou castigo. Quando a águia Vitória chega ao meio campo do estádio da luz tem lá um bifinho à espera. Quando queremos ensinar um cão a sentar podemos dar-lhe um biscoito para o premiar. Quando se põe vedações eléctricas à volta dos campos de vacas é para elas perceberem que há ali uma dor associada se passarem daquele perímetro.
É a chamada Law of Effect para os animais: uma resposta voluntária associada a uma recompensa é mais provável de se repetir do que uma resposta associada a um castigo.
Mas voltando a Hollywood e ao imaginário de que os animais falam entre si, sempre me questionei qual a proveniência de determinados animais em alguns filmes ou como é que eles eram treinados? Quando o Mel Gibson fez o Braveheart ou quando o Ridley Scott fez o Robin Hood, os animais que vamos vendo nos filmes são contemporâneos daquela época. A verdade é que, com a perspectiva empresarial associada à criação de animais, muitas foram as espécies de animais que foram desaparecendo ao longo dos séculos em prol daquelas mais rentáveis.
Em relação às vacas por exemplo, hoje em dia já quase só se vê Fresian-Holsteins (as malhadas a preto e branco) ou Aberdeen Angus (todas pretas) e outras mais como Limousin ou Hereford. Mas as vacas e os porcos do século XIII ou XIV eram diferentes, por isso onde será que os realizadores arranjam estes animais? Existe em Inglaterra uma grande preocupação com esta questão e há muitos produtores apenas dedicados à criação de espécies raras. Estas espécies são depois rentabilizadas através da venda de carne para restaurantes de luxo em Londres ou através da criação de parques temáticos, tais como mini zoos de animais onde as famílias levam os filhos no verão.
Quando por exemplo o Pai do William Wallace, no filme Braveheart, chega ferido a casa da batalha, transportado por uma junta de bois, tratam-se de facto de bois daquela altura, e dos quatro homens que acompanham a carroça, os dois detrás são criadores e especialistas no tratamento destes animais. E pela informação que recolhi não é nada fácil levar ovelhas, porcos e bois para os cenários de filmagem. Tem que se transportar os animais, levar comida, etc e muitas vezes os animais ficam stressados com a espera. Podem chegar ao local das filmagens às 6 da manhã e apenas filmar passadas 12 horas!
Encontrei também referência a um porco que foi treinado para o filme dos 101 dalmatas, supostamente um que faz cair a Glenn Close (Cruella de Vil) no final do filme. Este porco que tinha de estar sentado para esta cena foi treinado durante semanas para o fazer… porque quem se senta são os cães e fazer um porco sentar-se é quase impossível! Tratam-se de animais bastante inteligentes e só fazem aquilo que querem. Neste caso foi possível fazê-lo com o recurso à Law of effect, premiando repetidamente o animal com maçãs quando ele se sentava correctamente.
Estes animais são de facto fascinantes mas a sua inteligência está longe da nossa. Em termos de emoções já não digo mesmo, podem sentir afecto e sentem sem dúvida a maternidade ou se o dono é bom para eles ou não. Mas no caso das vacas, porcos e ovelhas por exemplo, estes animais não sabem por exemplo o que é a morte. Não têm uma ideia de morte. Enquanto os humanos sabem que vão morrer e sabem as consequências de determinados actos, estes animais não têm essa ideia. Embora seja proibido nos matadouros matar um animal em frente a outro, vários estudos demonstram que estes animais não reagem a esta questão.
São espécies que regem os seus comportamentos devido a questões mais hormonais e menos cerebrais, pois este não se encontra tão desenvolvido. Quando têm fome procuram comida, quando estão com o cio procuram reproduzir-se e quando a hormona do stress (cortisol) actua, podem tornar-se mais violentos ou esperneiam.
 A ciência de facto permitiu-nos conhecer melhor estes animais e trata-los melhor. Por exemplo, em Inglaterra, apenas no século XVIII, terminaram os julgamentos contra animais. Várias vezes havia ratazanas a ir a julgamento por terem comido os cereais num celeiro, ou cavalos que deram um coice a alguém… a pena de morte era muitas vezes aplicada!
Mas enfim, apesar de tudo isto, continuo a gostar de imaginar que os animais falam entre si quando os humanos não estão lá! Da próxima vez que virem um Porquinho Chamado Babe, o BraveHeart ou o Robin Hood, já sabem…
Think about it!

3 comentários:

  1. Bem observado. Afinal o que distingue o homem dos animais?. E quando, no processo evolutivo, se deu o "salto" para a inteligencia?.
    Esta é questão central da filosofia e de tudo o que veio a seguir: a religião, a ciencia, a socilogia, etc...
    Think about

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  2. Oi, Fiz um blog sobre saude animal, gostaria da sua ajuda para tornalo mais conhecido.
    http://saudeanimalmv.blogspot.com.br/
    Obrigado

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  3. Só hoje vi o seu recado. Virei de vez em vez espreitar as novidades ;)

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