sexta-feira, 16 de março de 2018

O Ano Novo Persa ou Noruz para os amigos.

Na próxima semana, a 21 de Março de 2018, acontece o chamado equinócio da Primavera. Neste dia em que o mundo ocidental celebra a entrada na primavera, o Irão estará a celebrar o ano novo.

Esta data, também conhecida como Noruz, é celebrada em países como o Afeganistão, Uzebequistão, Cazaquistão e Azerbeijão, e ainda por diversos grupos étnicos e religiosos na Arménia, Iraque e India.

No Irão, vai terminar o ano de 1396 e entraremos em 1397. Para o calendário Persa, a contagem do ano zero, começou quando o nosso calendário gregoriano já estava no ano de 622. Foi nesse ano que Maomé, obrigado a fugir de Meca para Medina, construiu a Mesquita de Quba e deu inicio ao calendário islâmico.

Mas religiões à parte, o ano novo no Irão é altura de festa! É altura de juntar a família. É altura de descanso e carregar baterias. É altura de cantar e dançar. É altura de renovação.

E tudo começa na noite da última terça feira antes da passagem de ano propriamente dita.

Esta é a noite de Chahar Shambe Suri, e um pouco por todo o país, as pessoas saem à rua e acendem fogueiras em plena estrada e saltam por cima das mesmas!

Tal e qual como se fazia, há muitos anos, na minha rua na Estrada de Benfica, durante as festividades de Junho do Santo António. Ainda me lembro quando o Afonso que morava no sétimo andar, queimou as calças e fez um buraco bem junto às suas partes mais sensíveis. Podia ter corrido pior...

Mas para além de acender fogueiras, as pessoas divertem-se a lançar foguetes e a acender todo um arsenal de bombas e bombinhas de carnaval!! Parece que estamos num cenário de guerra, tal é o barulho de pequenas explosões e clarões no horizonte!!

Claro que estas brincadeiras têm tudo para correr mal e este ano não foi exceção. As noticias dos jornais do dia seguinte, apontavam para cerca de 800 feridos só em Teerão! Mas acabou por ser uma noite bastante divertida, onde tive o privilégio de participar pela primeira vez nestas festividades.

Aqui ficam algumas fotos.









E como estamos em altura de festa, a corrida às lojas e mercados, para abastecer a casa de comida e decorações já começou! Tal e qual como no nosso natal ou ano novo, há certas tradições a respeitar e é preciso comprar tudo com antecedência!

Um dos maiores costumes do Noruz, é a elaboração da chamda Haft Sin, ou traduzindo para um português bruto, a cena de 7. Basicamente, trata-se de uma mesa onde colocam 7 objetos, todos eles começados pela letra S. Como por exemplo Alho, (que em Persa se diz Sir), ou uma Maçã,(que em Persa se diz Sib).



Outra das coisas que se coloca em cima da dita mesa, é um aquário com um  peixe vermelho... E por toda a cidade, é só peixes vermelhos à venda! Onde será que são criados? Estamos a falar com certeza de muitos milhões de peixes e de algum lugar terão de vir...a pergunta surgiu-me na cabeça enquanto estava parado no trânsito!

Hoje fomos passear ao mercado de Tajrish, e assistimos à loucura das compras e lojas apinhadas de pessoas! Mais uma grande experiência internacional em direto no Blog dos Bosques! Aqui ficam mais algumas fotos e os desejos de um Feliz Noruz para todos!





P.S. 1 - No outro dia, há cerca de uma semana atrás, assisti ao meu primeiro velório/funeral no Irão. Uma grande tragédia, uma jovem amiga da família da Ghazal que morreu de cancro ainda não tinha 30 anos. Mas tragédias aparte, queria apenas deixar o registo das diferenças culturais que encontrei. O velório deu-se numa mesquita, um dia após o corpo já ter sido enterrado num cemitério. E na mesquita, homens e mulheres, homenagearam a jovem em salas separadas. A sala dos homens onde me fui sentar, era bastante moderna por sinal, e mais parecia um anfiteatro cheio de cadeiras e luzes modernas. E no final da cerimónia que durou cerca de 30 minutos, conduzida por um sacerdote islâmico, já à saída, ofereceram a cada participante um saco com um bolo, uma banana e um sumo. Interessante!


P.S. 2 - Também na semana passada, cheguei ao balneário do ginásio que frequento em Teerão, e estava um homem com a toalha enrolada à volta da cintura, de tronco nu, ajoelhado no chão a rezar virado para Meca. Parece que era a hora da reza... não tirei fotografias obviamente mas dentro da normalidade que é a vida em Teerão por vezes deparo-me com estas situações. Também interessante!















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