quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aires Buenos!

Passámos 5 dias em Ameghino, na quinta do Felipe Harrison ( o meu colega do RAC), e depois regressámos para Buenos Aires.

Na quinta fomos recebidos como família. O Juan Harrison, irmão do Felipe, mostrou-nos a quinta toda e como funcionava o sistema. Uma propriedade de 5000 hectares na melhor terra da pampa Argentina, com vacas para carne, pastagem e cereais. Trabalhámos no duro e aprendi bastantes coisas. Tivemos também momentos bastante idílicos e que nunca esquecerei quando me recordar desta viagem.

Um final de tarde, a voltar do trabalho com as vacas, cavalgamos na pampa Argentina. Eu, o Miguel Queirós mais dois gaúchos, o Marcos e o Manuel. A paisagem era deslumbrante. A pradaria verde estendia-se por kilometros, o céu azul com algumas nuvens reflectia-se nalgumas pequenas lagoas e grupos de cavalos selvagens corriam curiosos ao nosso lado.

Naquele momento perguntei ao Marcos:

- Hombre que se piensa en un tan perfecto momento como esse?

Resposta do Marcos: no si piensa en nada, sigue tranquilo.

É engraçado que a mensagem de muitas pessoas em locais diferentes da América do Sul é a mesma... Segue devagar, com menos e sem pressas!

Fomos convidados para jogar futebol no Clube de Polo Media Luna, o clube de polo mais antigo da Argentina. Um jogo que acontece todos os domingos há 20 anos entre as pessoas do Pueblo de Ameghino. A relva estava perfeita, a temperatura estava quente. O ritmo não era alto, mas como não me encontrava em forma foi bastante duro. Com o resultado em 1-1 e a poder pender para qualquer lado marquei um golo de fora da área ao ângulo! A glória futebolística finalmente a chegar aos 32 anos, um momento inesquecível.

As refeições foram excelentes mais uma vez. Estufado de carne com scones, tartes de leite condensado, merengue, vitela na grelha, pizzas caseiras, etc.. Tudo com pessoas que nos recebiam com um sorriso e interessadas no nosso percurso de viagem e de vida. Um destaque especial para o Avô do Felipe e do Juan, Peter. Com 87 anos continua a dirigir os destinos da quinta, tem um grande sentido de humor e revelou uma paciência sem limites para nos contar dezenas de histórias. Obrigado.

Voltamos para Buenos Aires na segunda-feira, na carreira da meia noite. Uma viagem de 7 horas num autocarro colorido de dois andares, numa cadeira meio cama, e mais ou menos confortável. Uma amostra daquilo que vamos ter nos próximos meses. Pus os tampões nos ouvidos, agarrei-me ao passaporte e ao IPad e adormeci.

Já em Buenos Aires com o trio completo ( o Jiggie das Arábias chegou são e salvo), a exploração da cidade continua. Já é a terceira vez que aqui estou!

Desta vez estamos num Hostel mais internacional, com pessoas mais jovens e cheio de pinturas estilo grafittis pela parede. De manhã temos um pequeno almoço que não é nada mau... Cereais, leite, pão, manteiga e sumo. O Hostel chama-se Art Factory e fica em San Telmo, calle Piedras 545. Estamos a partilhar um quarto triplo que nos custa 8 euros por noite a cada um. Comparado ao Tanguera Hostel onde ficamos a semana passada estamos num condomínio de luxo. A higiene era precária, a maioria das pessoas eram residentes permanentes que bebiam bastante e por vezes, quando chegávamos à noite, podia acontecer que não nos abriam a porta porque o porteiro adormecia.. Um excelente Client Service portanto!

Mas aquilo que mais me tem surpreendido nesta cidade são os eventos culturais.

Os museus (Malba, Mamba e Centro Cultural Recoletta), apresentam exposições cheias de cor, desafio e genialidade. Fiquei particularmente intrigado com os trabalhos de José Guervich, Liliana Porter e Antonio Berni.

As milongas de tango (maldita, calle Peru 540), casas de tango vadio onde a sensualidade impera e bandas com acordeões e violinos rasgam o ar.

Os espéctaculos bomba del tiempo (todas as segundas centro konex) e fuerza bruta (centro cultural recolletta de quarta a sábado) são simplesmente inesquecíveis, contemporâneos e invasivos de todos os sentidos. Água, luzes, tambores, barulho, gritos e dança. O estabelecimento de uma ordem no meio do caos total.

A arquitectura por todas as ruas é imponente. Prédios de vários estilos, apresentando pormenores nas janelas, portas e varandas, alguns a fazer lembrar aquelas villas italianas à beira de lagos paradisíacos. Existem também muitos prédios degradados cheios de betão, ferro e tijolo à mostra... mas até isso parece fazer parte.

É impossível não nos sentirmos tocados por esta realidade tão humana, verdadeira e actual.

Hoje à noite jantamos com os pais do Jiggie para comemorar o seu aniversário. O restaurante escolhido foi o La Cabrera (calle Cabrera em Palermo). Devo ter comido mais de 500 grs. de carne, neste que é considerado um dos dois melhores restaurantes de Buenos Aires. Obrigado.

Agora é hora de ir dormir, o Jiggie já ressona alto e bom som, e o Miguel lê o seu livro "A Revolução de uma palha" de um autor Japonês que tem uma perspectiva bastante interessante sobre a agricultura orgânica. Temos discutido bastante este autor, um livro a reter sem dúvida.

Amanhã é o nosso ultimo dia em Buenos Aires e sábado começa a aventura na estrada, destino Iguazu no norte da Argentina, fronteira com o Brasil e Paraguai!

Faz hoje um mês que cheguei a América do Sul, que ricas experiências me tem proporcionado este continente!

Até já!

Think about it!

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