segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Austrália - Uma nova aventura

Desta vez não ia ser tão fácil partir... pensei eu sentado no avião que me ia levar para a Austrália.

O Outono em Portugal foi-me grato. O recente estágio na Quinta da Abegoaria, as aulas de pintura e piano, a estadia na pensão milanesa, a vida familiar e com os amigos. Tudo correu bem nos últimos meses. Aprendi e vivi muito.

Mas mais uma vez fiquei surpreendido...

Surpreendido com a facilidade que o acto de partir representa para mim. E o bem que soube. O mundo era outra vez um lugar cheio de possibilidades novas.

E foi com este sentimento que aterrei passadas umas horas na Austrália.

Com a excitação de quem viaja pela primeira vez e tudo é uma nova descoberta. Desde as coisas mais simples até questões mais existenciais. Esta viagem é mais uma aventura para trilhar caminho neste assombroso fenómeno chamado vida.

Esta era a segunda vez que vinha à Austrália.

Na agenda estava planeada uma estadia de duas semanas. A primeira em casa do meu irmão Sérgio em Brisbane. A segunda na quinta do Norm Stone, em Stanhope, norte de Melbourne, onde já tinha estado há dois anos a trabalhar.

A hospitalidade de que fui alvo em ambos os casos não tem explicação. Sou um sortudo e privilegiado neste campo. Ser recebido do outro lado do mundo e ter uma cama com roupa lavada, toalha, comida boa, transfers de aeroportos e terminais de autocarros é muito gratificante.

Brisbane é uma cidade à semelhança daquilo que já tinha visto em Sidney e Melbourne. As pessoas são talvez um pouco mais relaxadas e o clima mais tropical. Chegamos a ter dias de 35 graus. Mas tal como nas outras cidades Australianas, em Brisbane impera a organização e a qualidade de vida.

Há pistas de jogging e de ciclismo, onde todas as manhas, milhares de pessoas praticam exercício. Há parques com zonas de pic nic e grelhas de barbecue gratuitas a disposição de todos. O transito flui com calma e ninguém atravessa a passadeira sem o sinal estar verde para os peões. Os transportes chegam a horas. Não há lixo nem beatas no chão.

Pela cidade inteira encontram-se sinais a dizer " Se encontrou alguma coisa estragada ligue para este número para podermos arranjar". As pessoas tem um sentimento de civilização e ordem na Austrália que é único no mundo. Talvez no campo em Inglaterra ou na Escandinávia tenha encontrado algo parecido.

Esta qualidade de vida é possível porque a Austrália é um dos países mais ricos do mundo. Tem muitos recursos e o governo suporta e subsidia o bem estar das pessoas. O IVA de todos os bens é de 10%. Ganha-se bem e há oportunidades.

O meu irmão Sérgio e a namorada Daniela moram no centro de Brisbane. O Sérgio esta a concluir os seus estudos no Masters em Sustentabilidade Ambiental na Universidade de Queensland e a Daniela trabalha numa loja, onde recebe por hora aquilo que um medico, engenheiro ou gestor não recebem em Portugal.

Eles estão bem integrados. Recentemente o Sérgio foi convidado para ser professor assistente na Universidade, mais um grande motivo de orgulho para a família Queirós!

Nos 6 dias que estive em Brisbane joguei futebol duas vezes e fiz jogging uma. Fui ao cinema ver o Birdman. Visitei as galerias de arte da cidade e o museu de historia natural. Fomos ao Jardim Zoologico de Lone Pine, um dos 10 melhores do mundo, e confraternizamos de perto com cobras, koalas, cangurus, crocodilos, etc... a vida selvagem na Austrália é imensa e intrigante!

Passamos um dia nas praias da Gold Coast e Byron Bay. Estas praias são simplesmente brutais. Não fossem os tubarões que ali rondam e seriam as melhores do mundo (a seguir a Tróia claro). Nesta semana jogava-se a Taça de Futebol da Ásia (o Euro cá do sitio) e o Open de Ténis da Austrália. Também passamos bons momentos a beber uma cervejinha fresca e a ver desporto.

Depois foi altura de partir de novo. Para a quinta do Norm em Stanhope, estado de Victoria.

Apanhei um avião para Melbourne e depois um autocarro interminável para lá chegar. A quinta ainda está no mesmo sitio e tudo continua igual, ou seja bom.

Sinto-me em casa aqui.

O Norm e a Dawn foram uma grande descoberta e ajuda na minha formação agrícola mas também pessoal. Parece que para o ano estão a pensar visitar Portugal!

O Norm continua igual a si mesmo. Um homem do Renascimento. Curioso sobre o mundo que o rodeia. Um contador de historias. Um cozinheiro de fazer inveja a qualquer chef de um restaurante com estrelas Michelin. Sempre bem disposto. Passamos os dias a conversar, comer, trabalhar e dormir.

Os inúmeros cães, gatos, patos, galinhas e vacas que povoam a quinta são uma delicia para o olhar. Desta vez é verão aqui e há moscas por todo o lado. Na sala da ordenha devo ter engolido algumas...

Mas a realidade social no outback Australiano é muito diferente da realidade das cidades. Há muitos problemas de droga e alcoolismo. As crianças abandonam a escola precocemente. Há gravidezes na adolescência. Há obesidade. E até as badaladas historias de relações incestuosas ou mesmo com animais fazem parte do quotidiano...

No outro dia o Norm contava que havia um rapaz que jogava Rugby e que tinha sido apanhado no acto com um vitelo...

Ora, durante um jogo importante para a classificação final da Liga de Rugby e que podia dar o titulo à equipa, sempre que este rapaz tocava na bola, a claque da equipa adversaria começava a mugir... MUUUUUUUUUUU!!

Num dos últimos lances do jogo, e quando o rapaz se encontrava prestes a marcar um ensaio, a tal claque adversária começou a mugir de forma ainda mais alta e agitada... conseguem imaginar dezenas de pessoas a mugir???

Foi então o rapaz largou a bola, subiu para bancada e começou a distribuir pancada por toda a gente! Foi um sururu!

 Assim vai a vida na Austrália. Next stop já na quinta-feira, dia 5 de Fevereiro: Vietname!

 Think about it!

Nenhum comentário:

Postar um comentário