quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Uma aventura na Quinta dos Pistachios


No sul do Irão, ali para os lados de Sirjan, fica a situada a Quinta de Ghatar Baneh. A propriedade localizada em pleno deserto, tem cerca de 100 hectares e dedica-se exclusivamente à produção de pistachios. Esta iguaria, que é uma das maiores especialidades do Irão, adquire o seu formato e sabor à custa de condições meteorológicas bastante inóspitas. Temperaturas negativas do inverno, enquanto no verão, as mesmas podem chegar aos 50 graus. Não há matéria orgânica que sobreviva nestas condições. O crescimento e manutenção das árvores é feito à custa de muita supervisão e tratamento.

Esta árvore demora quase 30/40 anos para atingir uma altura de 2 metros, mas os frutos podem colher-se logo nos primeiros anos de existência. Na maturidade, uma boa árvore pode dar cerca de 10 kgs de pistachio por ano. Aquilo que vemos nestas fotografias é o fruto não descascado, ainda com a típica pele verde e avermelhada.


E apesar de quase não chover nesta região, a árvore do pistachio precisa de muita água para poder florescer e dar os seus frutos. Para tal é necessário escavar furos, alguns a uma profundidade de 25 metros, de forma a atingir os preciosos lençóis de água e regar as cultivações. 
A visão destas árvores no meio do deserto é algo inesquecível. É quase como avistar um oásis. Quase parece que se não fosse pelas árvores, o deserto avançaria a seu belo prazer por estas terras. Nas redondezas das plantações, a erosão dos solos é visível e apenas alguns arbustos sobrevivem. A vida selvagem resume-se a aranhas, cobras, ratos, alguns coelhos e muitas formigas gigantes!



Há 50 anos o avô materno da minha mulher, o Sr. Abolhassan, resolveu investir nestas terras. Hoje, o seu legado continua, e através dos seus 3 filhos e 4 filhas, (mais uma quantidade de netos, que entretanto já vão dando bisnestos), as árvores crescem e multiplicam-se estação após estação. Na altura das colheitas em Setembro, quase a fazer lembrar a vindima, a família reúne-se toda em Ghatar Baneh para renovar os laços familiares e assegurar a continuidade da produção.


Este ano, um português foi convidado para estar presente, intrometendo-se nas rotinas e rituais com 5 décadas de existência. 10 dias maravilhosos de comunhão familiar a aprender tudo sobre pistachios, a usufruir da melhor gastronomia Persa, a jogar jogos tradicionais, a beber chá como se não houvesse amanhã e, à noite, como já vem sendo hábito na minha nova família, a cantar e a dançar.



Na quinta, existem apenas algumas moradias com poucos quartos. Habitações feitas de barro local, com um telhado redondo, a fazer lembrar o local onde Luke Skywalker morava com os tios no primeiro filme da saga Guerra das Estrelas. Por isso, a maioria das pessoas, dormia no terraço, naquelas tendas que são feitas apenas de uma rede transparente. Eu e Ghazal não fomos exceção. E por vezes, quando acordava a meio da noite para me virar na almofada, olhava para o teto, e via um mar de estrelas a brilhar.


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