No sul do Irão, ali para os lados
de Sirjan, fica a situada a Quinta de Ghatar
Baneh. A propriedade localizada em pleno deserto, tem cerca de 100 hectares
e dedica-se exclusivamente à produção de pistachios. Esta iguaria, que é uma
das maiores especialidades do Irão, adquire o seu formato e sabor à custa de
condições meteorológicas bastante inóspitas. Temperaturas negativas do inverno,
enquanto no verão, as mesmas podem chegar aos 50 graus. Não há matéria orgânica
que sobreviva nestas condições. O crescimento e manutenção das árvores é feito
à custa de muita supervisão e tratamento.
Esta árvore demora quase 30/40
anos para atingir uma altura de 2 metros, mas os frutos podem colher-se logo
nos primeiros anos de existência. Na maturidade, uma boa árvore pode dar cerca
de 10 kgs de pistachio por ano. Aquilo que vemos nestas fotografias é o fruto
não descascado, ainda com a típica pele verde e avermelhada.
E apesar de quase não chover nesta região, a
árvore do pistachio precisa de muita água para poder florescer e dar os seus
frutos. Para tal é necessário escavar furos, alguns a uma profundidade de 25 metros,
de forma a atingir os preciosos lençóis de água e regar as cultivações.
A visão destas árvores no meio do
deserto é algo inesquecível. É quase como avistar um oásis. Quase parece que se
não fosse pelas árvores, o deserto avançaria a seu belo prazer por estas
terras. Nas redondezas das plantações, a erosão dos solos é visível e apenas
alguns arbustos sobrevivem. A vida selvagem resume-se a aranhas, cobras, ratos,
alguns coelhos e muitas formigas gigantes!
Há 50 anos o avô materno da minha
mulher, o Sr. Abolhassan, resolveu investir nestas terras. Hoje, o seu legado
continua, e através dos seus 3 filhos e 4 filhas, (mais uma quantidade de netos,
que entretanto já vão dando bisnestos), as árvores crescem e multiplicam-se estação
após estação. Na altura das colheitas em Setembro, quase a fazer lembrar a
vindima, a família reúne-se toda em Ghatar
Baneh para renovar os laços familiares e assegurar a continuidade da
produção.
Este ano, um português foi
convidado para estar presente, intrometendo-se nas rotinas e rituais com 5
décadas de existência. 10 dias maravilhosos de comunhão familiar a aprender tudo
sobre pistachios, a usufruir da melhor gastronomia Persa, a jogar jogos
tradicionais, a beber chá como se não houvesse amanhã e, à noite, como já vem
sendo hábito na minha nova família, a cantar e a dançar.
Na quinta, existem apenas algumas
moradias com poucos quartos. Habitações feitas de barro local, com um telhado
redondo, a fazer lembrar o local onde Luke Skywalker morava com os tios no
primeiro filme da saga Guerra das
Estrelas. Por isso, a maioria das pessoas, dormia no terraço, naquelas
tendas que são feitas apenas de uma rede transparente. Eu e Ghazal não fomos
exceção. E por vezes, quando acordava a meio da noite para me virar na almofada,
olhava para o teto, e via um mar de estrelas a brilhar.
Que experiência incrível, Pedro! Beijinho aos noivos.
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