segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Lê um livro, planta uma àrvore, mata um bófia!

Ler é como ver um filme na nossa cabeça. Quando estamos a ler um livro, a maneira como imaginamos os espaços ou as personagens é algo muito individual. Muitas vezes o livro até se transforma em filme.. o que nos permite visualizar numa tela daquilo que antes eram apenas palavras.

Há 5 meses vim para Inglaterra morar para uma residência que não tem televisão. Em Lisboa tinha tv na sala e no quarto e sentia-me feliz e realizado quando pegava e deambulava para cima e para baixo na minha box da Meo em busca de algo que me trouxesse ocupação para os momentos que se seguiam. Tinha tudo (excepto canais obscenos claro), desde a Sport Tv até aos filmes, passando pelos directos do Biggest Looser e Casa dos Segredos. Depois de um dia de trabalho ou num fim-de-semana de mau tempo o que podia ser melhor que isto?

A verdade é que nos últimos meses recuperei o velho hábito da leitura e estou muito entusiasmado com isso. Em criança lia e ficava fascinado com as histórias de jovens aventureiros como "Uma Aventura", "Clube das Chaves", "Triangulo Jota" e as "Viagens no Tempo" de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, ilustrações de Arlindo Fagundes (haha lembram-se do anúncio da tv?). A minha mãe levava-me às Amoreiras aos fins-de-semanas e não saiamos de lá sem um livro destes que custava à volta de 650 escudos. E aquela sensação de colocar na prateira mais um volume no armário já colorido e contribuir para o aumentar da colecção era tudo!

Também lia Patinhas, Tintim, Asterix, Mafalda e Lucky Luck. A banda desenhada que depois evoluiu para o Calvin & Hobbes e outros do género também faziam parte das prateleiras coloridas. Tinha também aqueles livros verdes de aventuras que se jogavam com dados e nos davam ordens do género: "Se queres lutar contra o monstro de 3 cabeças vai para a página 397, se queres entrar na porta do castelo de Zion vai para a 408". Muitas vezes morria mas voltava sempre atrás claro!

Depois na escola obrigaram-nos a ler certas e determinadas obras com o argumento fascista de que "faz parte do programa nacional de leitura do ensino secundário proclamado pelo ministério da educação". Adorei os Maias por exemplo mas não tinha maturidade para ler a história de Anne Frank ou a Mensagem de Fernando Pessoa. Foram livros que de facto desanimaram o meu gosto pela leitura.

Mas lá continuava a ler qualquer coisa que encontrava no escritório do meu Pai ou que comprava na livraria do Fonte Nova. Acho que é muito importante para os pais que queiram estimular a mente das crianças ter livros em casa. Livros de viagens, livros grandes, livros pequenos, enciclopédias, romances, aventuras, policiais, o que fôr, mas é importante para que os filhos possam desenvolver os seus próprios gostos e quem sabe até destruir um ou outro pintando-os com lápis de cera.

Durante os últimos 10 anos, comecei a gostar de biografias personagens da história, romances de familias numerosas da América de Sul, livros sobre a história do Séc. XX policiais, romances e mesmo do grande Harry Potter!

Mas apesar de me considerar um leitor assiduo em relação à minha geração por exemplo, dentro de mim perguntava-me como é que certas pessoas conseguem ler tanto? Onde arranjem tempo ou paciência e será que já leram todos aqueles livros que têm em casa? Em Portugal quando as pessoas dizem que já leram isto ou aquilo cria-se um desconforto e desconfiância face a veracidade ou mesmo nível intelectual da pessoa. Sou apenas eu que sinto isto? Também me perguntava como é que ao domingo o Professor Marcelo Rebelo de Sousa tinha lido todos aqueles livros apenas numa semana??

Enfim, não me tornei um rato de biblioteca mas gosto de olhar para a minha mesa de cabeceira e ter em aberto a opção de à noite ler um ou mesmo vários livros e embarcar numa nova aventura. Desde que cheguei em setembro já li várias obras e só em 2012 já li "Os Irmãos Karamazov" de Dostoievski, "Crónica de uma morte anunciada" de Gabriel Garcia Marquez e o "Caso Rembrandt" de Daniel Silva, recomendo todos!!

Foi precisamente este último livro que me fez escrever esta mensagem no blog de hoje. Comecei o livro na quarta-feira passada e acabei ontem, domingo, as suas 444 páginas. Não é nenhum clássico ou obra prima mas é um livro emocionante, com muitas referências históricas e que até me fez ficar emocionado no fim com uma situação que nem sequer estava relacionada com lamechices de amor... apenas me deixei envolver! Quantos livros já vos fizeram chorar ou quase chorar? Pois é, os livros também podem ter este poder!

Muitos livros começamos a ler e parece que não entramos neles... que a coisa não anda para a frente! Pode ser que ainda não estejamos preparados para aquele livro ou que nunca vamos estar mesmo!! Não tem mal nenhum, também há filmes que não gostamos por exemplo!

O importante é não perder este hábito que tanto contribuiu para a evolução da nossa espécie!

Ler aumenta o nosso conhecimento e permite-nos viajar ao mesmo tempo que imaginamos coisas novas. É uma das artes mais acessiveis a toda a gente e pode fazer a diferença na construção de quem somos. Por isso recomendo.. leiam à noite na cama ou nos transportes públicos. Ajuda a passar o tempo e só nos enriquece! Somos nós que gerimos o nosso tempo e só depende da vontade de cada um.

A próxima vez que forem à Fnac... think about it! (ou melhor...comprem nas livrarias mais pequenas para salvar os pequenos comerciantes).

Best regards,

Um comentário:

  1. Tens toda a razão PQ, penso que muitas pessoas desistiram de ler por terem tentado ler livros com os quais não se identificaram.

    Eu leio muito pouco...estou viciada em séries e filmes, mas quando leio sinto me enriquecida e adoro! Vou fazer um esforço para ler mais!

    Já agora, que biografias aconselhas? adoro biografias...

    beijinhos

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