Na agricultura, mais concretamente na parte arável e das colheitas, a escolha daquilo que se faz nos terrenos depende de muitas condições e factores.
Antes de mais, o que se planta depende da localização geográfica do terreno pois isto influencia sempre as condições do solo, disponibilidade de água e temperatura. Depois existe sempre a questão da procura e do abastecimento dos mercados. O proprietário de um terreno, avalia aquilo que é mais rentável para ser produzido segundo as necessidades dos consumidores, procura dos retalhistas, custos de transporte, etc...
Mais recentemente, surgiu uma nova razão: a produção de cereais e oleaginosas destinados à produção de bio-combustiveis. O aumento massificado desta produção, tem a ver não só com questões de rentabilidade mas também com as obrigações e estratégias definidas pelo Quadro Europeu, no que diz respeito à quota de energias renováveis que tem de vigorar em cada país.
A grande controvérsia é que obviamente isto retira espaço para a produção de comida! Noutros países como o Brasil está a ser destruida a Floresta da Amazónia para a produção de óleo de palma e outros bio-fueis. O que é mais importante? A floresta? Ou produzir combustiveis que substituam aqueles baseados em petróleo e como tal menos poluentes?
Existem muitos produtos não alimentares que podem ser produzidos através da terra e como tal são amigos do ambiente e contribuem para a sustentabilidade do planeta.
É necessário no entanto educar e motivar os consumidores para a compras destes produtos. Tem que haver verbas Estatais para a pesquisa sobre " O quê e como produzir?" e também para a implementação dos resultados apurados. Também deveria ser da responsabilidade do Estado a implementação de estratégias regionais de disseminação deste género de informação. Um bom exemplo do que se faz no UK é que foram incentivadas as produções de colheitas destinadas à Biomassa: colocaram-se a falar na mesma mesa os agricultores/proprietários e os interessados nos residuos biológicos que interessam a estas centrais! Para além de reduzir os residuos, isto traz obviamente vantagens nos custos da energia e no impacto ambiental.
Mas que outros produtos podemos tirar da terra?
As chamadas plantas oleaginosas surgem no topo da tabela. Para além de fornecerem o óleo para as cozinhas e para os combustiveis podem ser usadas na produção de detergentes, plásticos, farmacêuticos, lubrificantes, cosméticos, tinteiros, solventes e tintas. Como exemplo destas plantas temos a Oilseed Rape que fornece o óleo normal, a Linhaça, a Crambe, a Calêndula e a Primula (pesquisar no google para ver imagens e definições).
Temos também as plantas que originam colheitas de fibras. As principais plantas utilizadas são o Canhâmo e a Linhaça (que também servia para a produção de óleo). Estas fibras são usadas para a produção de textêis e muitas multinanacionais como a Mercedes por exemplo já as utilizam na produção dos estofos dos carros. Isto permite a reciclagem de materiais e uma aproximação mais ecológica aos mercados e ao consumidor. O canhâmo por ser da familia do cannabis necessita de autorizações especiais para ser plantado.
Até as Batatas e o Trigo podem ser usados na produção de papel, adesivos, plásticos e detergentes. Estes plásticos e detergentes são obviamente mais biodegradáveis do que os normalmente usados.
Alguns exemplos de negócios de sucesso aqui no Reino Unido:
- Strawsons Energy: Produzem/transformam 80% de toda a Biomassa do UK.
- EPR: utilizam 200.000 toneladas de palha por ano para a produção de energia e para outros fins agricolas. Oferecem contratos aos agricultores para a compra dos residuos dos seus campos.
- Green Fuels: esta foi aquela que me chamou mais a atenção: têm uma máquina que se coloca na quinta e que misturando o óleo proveniente dos cereais e o methanol produz o diesel! Ver este link obrigatório: http://www.greenfuels.co.uk/product/fuelpod-4.aspx a imagem da máquina parece mesmo uma bomba de gasolina!
Conclusão: a terra tem mais para nos dar para além da comida. Pode-nos dar combustiveis, roupas, detergentes e cosméticos. O problema é que até 2050 temos de aumentar a produção mundial de comida em 75% para fazer face ao aumento da população e só há mais 5% de terra no mundo em condições de ser plantada... Conseguiremos aumentar as taxas de produtividade e chegar a estes valores?
O equilibrio está nos limites... mas Portugal por exemplo, podia focar-se na produção destas commodities porque no futuro serão bastante valiosas e poderão contribuir para as nossas exportações e para a diminuição da dependência externa!
Think about it!
Best regards,
Muito bom!!!!!
ResponderExcluirContinua a aprender e a partilhar ;)
Bem Queiros. Sabes que o 10º bem mais importado por portugal de janeiro a agosto de 2011 foi o milho? Vê lá se sacas umas infos acerca desta cultura. Saudades.
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