O seu preço está directamente ligado ao preço do petróleo, pois funciona como produto substituto para a produção de combustiveis. Com o aumento da escassez dos combustiveis fósseis e a consequente subida dos preços, esta tem sido uma colheita cada vez adoptada pelos agricultores nas suas quintas. No Reino Unido por exemplo, em apenas 20 anos as colheitas destinadas à produção de óleo já ocupam o segundo lugar com cerca de 600.000 hectares de terra, logo atrás do trigo!
Mas em termos alimentares o seu sucesso caminha lado a lado com o sucesso das batatas fritas e com o facto de as gorduras animais como a banha de porco terem passado de moda e serem consideradas nocivas para a saúde. Outra gordura de excelência é obviamente o azeite mas devido ao seu preço e escassez em algumas regiões do mundo, é essencialmente usado como tempero para muitos tipos de comida.
Durante as recentes visitas do meu Pai e do meu amigo Miguel Cal Ferreira demos alguns passeios no campo e uma das colheitas que mais captou a atenção e curiosidade destes visitantes atentos foi a Oilseed Rape. É principalmente nesta colheita que me vou focar mas também serão abordadas outras colheitas que permitem extrair óleo.
Em termos mundiais, os hectares destinados à produção de culturas de onde se extrai óleo, são dominados pelos grãos de soja. Dados de 2009 revelam que esta colheita ocupa 53% do total das plantações, 15% vem da Oilseed Rape, 10% da linhaça, 9% do amendoim, 8% de girassóis e 3% de palmeiras, sendo os restantes 1% de diversas origens como o recente óleo de jatropha que também será abordado neste texto.
O óleo também pode ser feito através do milho, mas esta origem não conta para as contas mencionadas acima pois o seu uso é principalmente para cereais. O óleo de palma, apesar de ocupar apenas 3% em termos de hectares é o óleo mais produzido no mundo com cerca de 33% do total da produção, logo seguido do óleo de soja com 30%.
Para os mais atentos, surge a questão, mas se a planta da soja é tão rica em proteinas e os vegetarianos a usam para o Tofu por exemplo, como podemos fazer óleo da mesma, sabendo que este é constituido por 100% gordura? A soja é de facto a colheita vegetal que produz mais proteinas por hectare e é também considerada a fonte alimentar mais rica em proteinas pois contém o maior número de aminoácidos essenciais para a nutrição humana. Mas estes grãos de soja são tão versáteis que contêm então 40% de proteinas e 20% de óleo e através do processamento e transformação pode-se extrair ambas as "substâncias".
O mix de outras colheitas em termos de proteinas/óleo é distinto. As sementes do girassol por exemplo têm 44% de óleo mas apenas 28% de proteina. As sementes da oilseed rape tem 42% de óleo e 35% de proteinas. A palmeira não produz proteinas.
Em termos nutricionais, o óleo é uma fonte importante de nutrientes benéficos para a saúde nomeadamente ácidos gordos ômega 3, ômega 6 ou mesmo ômega 9 consoante as misturas de sementes que se façam. O ômega auxilia na diminuição do colestrol mau ao mesmo tempo que favorece o desenvolvimento de colestrol bom. Para além disso é um bom anti-depressivo, ajuda na circulação e ajuda a combater determinados tipos de cancro. Ciêntistas na Gronelândia observaram uma incidência particularmente baixa de doenças cardiovasculares entre os esquimós, apesar da sua alimentação conter alto teor de gordura. O motivo é a sua alimentação que consiste em peixes ricos em ácidos gordos ômega 3.
Focando então na Oilseed Rape. O que é esta planta? A sua designação em Latim é Brassica Napus. Segundo uma pesquisa na internet o seu nome em Português é Colza.
Para além de ser uma planta cada vez mais atractiva em termos de mercado, em termos agronómicos também se tornou um sucesso pois é uma excelente cultura de "quebra". Na agricultura a rotação de culturas é essencial para enriquecer os solos e acabar com determinadas pragas num certo terreno. Numa cultura intensiva de cereais por exemplo, os agricultores faziam rotação entre os diversos tipos de cereais e muitas vezes isto esgotava os solos e não permitia a extinção e o tratamento de determinadas pragas. Com o aumento da rentabilidade desta planta oleaginosa, já se torna rentável não produzir apenas cereais e contribui-se para o melhoramento dos solos e tratamento de doenças. Para além disso quando se volta a plantar os cereais consegue-se mais toneladas por Hectare!
Fig 1- Fases de crescimento da Colza.
Existem diferentes variedades deste tipo de planta que dão origem a diferentes tipos de óleo. Consoante a quantidade de ácido erúcico nas sementes, o óleo é usado para fins alimentares, combustiveis ou fins industriais. Quanto menor a quantidade deste ácido, melhor para a alimentação humana. As variedades mais comuns são o Double Low (00) ou o HOLL ( High Oleic + Low Linolenic), que é usado actualmente pelo Macdonald's para fritar batatas e nuggets, devido ao facto de poder ser usado mais vezes e manter as suas caratcteristicas intactas.
Em termos de plantação propriamente dita, as sementes deverão ser colocadas 2 cm debaixo da terra e deverão ser cultivadas entre agosto e setembro. A sua colheita faz-se em Julho do ano seguinte e é muito importante que as sementes não tenham um nível de humidade superior a 9%. Muitas vezes tem que se secar as colheitas para atingir o valor ideal. O número de sementes a colocar é de 80 a 120 por metro quadrado. Precisa de bastante fertilizante, nomeadamente Nitrogénio. O montante depende da quantidade deste que já se encontra no solo mas em média serão necessários entre 150-200 kgs, metade a ser aplicado no final de Fevereiro e metade no inicio de Abril.
Duas das variedades de óleo mais badaladas actualemente são o óleo de palma e de jatropha. Estes dois tipos de óleo, vêm do fruto de àrvores plantadas em regiões tropicais, sendo que o primeiro vem das palmeiras como o nome indica. Sendo um tipo de óleo muito eficiente em termos de plantação, ou seja dá bastantes toneladas por hectare, grandes polémicas têm surgido devido à destruição massiva de florestas tropicais. Os maiores produtores mundiais são a Indonésia e a Malásia, logo seguido da região da América do Sul. Grandes multinacionais como a Unilever tem milhares de hectares contratados nestas zonas para produzir o óleo de palma essencial para a produção de cosméticos, além de financiarem a abertura de estradas e de fábricas de transformação locais. É necessário alertar os consumidores para estas questões e obrigar estas empresas a práticas mais sustentáveis.
Aqui surge mais uma vez o dilema... A China Airlines por exemplo já usa óleo de palma nos seus combustiveis e orgulha-se do facto de não usar combustiveis fósseis para levantar os seus aviões e ser assim mais amiga do ambiente. Mas a outra face revela que para tal está a destruir as florestas tropicais que são essenciais para o equilibrio dos ecosistemas, produção de água através da chuva e muito importante: estamos a destruir organismos nas florestas que ainda não foram explorados e poderiam contribuir para medicamentos ou novas formas de alimentação humana.
Em conclusão, o óleo já é uma das indústrias mais importantes a nível mundial, principalmente no campo alimentar, produção de energia, medicamentos e artigos de higiene pessoal e caseira. Há várias formas de obter o óleo mas deveria haver mais preocupações ambientais sobretudo nas zonas tropicais onde se produz óleo de palma sem escrúpulos. Segundo um estudo da Unilever realizado em 2011 a procura dos diferentes tipos de óleo em 2008 foi de 38 milhões de toneladas, em 2020 será de 44 milhões e em 2050 de 80 milhões!! Como vamos suportar esta procura sabendo que precisamos da terra para alimentar uma população em crescimento?
Think about it!!
Best regards,
Muito elucidativo
ResponderExcluirGostei de ver os campos de colza em Cirencester.
Hei-de voltar na primavera para a festa da flor!